Bruxelas quer reforçar o euro nas transacções internacionais. A energia pode ser um primeiro passo
Pacote de medidas da Comissão pretende reforçar o euro como moeda de referência nas transacções a nível global, sobretudo na área da energia.
Bruxelas quer reforçar a moeda europeia a nível mundial por forma a refletir o real peso político, económico e financeiro da zona euro. O euro é a segunda moeda mundial utilizada por 340 milhões de pessoas. Sessenta países ligam de uma forma ou de outra a sua moeda ao euro, mas a Comissão Europeia considera que é possível fazer mais a nível global.
Nesse sentido, apresentou esta quarta-feira um pacote de medidas que passam pelo reforço das infraestruturas dos mercados financeiros europeus, garantir um enquadramento fiável dos índices de referência das taxas de juro e pelo desenvolvimento do sistema de pagamentos instantâneo integrado na UE.
Bruxelas também quer aumentar o número de transações realizadas na moeda europeia. O executivo comunitário pede aos Estados-membros que promovam o pagamento em euros em setores estratégicos como a energia. Atualmente, a Europa paga 80% da energia que importa em dólares — uma fatura de cerca de 300 mil milhões de euros anuais –, mas só 2 % das importações energéticas da UE provêm dos Estados Unidos. Por outro lado, é recorrente empresas europeias utilizarem o dólar entre elas correndo os riscos do câmbio. Por isso, a Comissão apresentou também uma recomendação que visa promover o euro nas transações internacionais na área energética.
“O reforço do papel internacional do euro em matéria de investimentos e de trocas comerciais na área da energia contribuirá para reduzir o risco de ruturas no fornecimento e estimulará a autonomia das empresas europeias”, afirmou o comissário da Energia Miguel Arias Cañete.
O reforço do papel internacional do euro em matéria de investimentos e de trocas comerciais na área da energia contribuirá para reduzir o risco de ruturas no fornecimento e estimulará a autonomia das empresas europeias.
A Comissão quer também avançar com uma série de iniciativas relacionadas com o sistema financeiro internacional. Propõe maior cooperação entre os bancos centrais para reforçar a estabilidade financeira, aumentar a percentagem de títulos de dívida emitidos em euros e desenvolver uma diplomacia económica mais proativa na promoção global da moeda europeia.
A Comissão sublinha ainda que é necessário completar a União Económica e Monetária, a União Bancária e a União de Mercados de Capitais. Até agora, só sete das quarenta propostas apresentadas pela Comissão foram aprovadas pelos colegisladores – Parlamento e Conselho. Entretanto, o Eurogrupo alcançou esta semana um acordo de mínimos sobre algumas reformas para reforçar a zona euro mas duas das medidas mais emblemáticas — criação de uma capacidade orçamental na zona euro e de um sistema europeu de garantia de depósitos — ainda estão longe de ser consensuais entre os Estados-membros.
A Comissão acredita que o reforço global do euro pode consolidar a resiliência do sistema financeiro internacional oferecendo aos mercados uma escolha mais ampla e tornando a economia global menos vulnerável aos choques. Considera ainda que reforça a proteção das empresas europeias reduzindo custos e riscos.
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