Janeiro marcou o ano? Investidores venderam em maio? Adágios das bolsas que acertaram e erraram em 2018

Guerra comercial, selloffs, instabilidade política e quedas do petróleo marcaram o ano. Quem seguiu os tradicionais conselhos (ou clichés) das bolsas, poderá ter tido um desgosto ainda maior.

O desempenho histórico das bolsas não garante ganhos futuros, mas é suficiente para terem sido criados jargões dos mercados financeiros. Os adágios são usados pelos investidores como mapa do que poderá vir a ser o caminho dos índices acionistas nalguns meses do ano (ou o comportamento dos investidores levou à criação dos adágios). Este ano — que fecha após dois selloffs e lançando a dúvida que o rally acionista poderá ter chegado ao fim –, seria difícil estar mais errado.

Como vai janeiro, vai o ano inteiro

Há duas máximas em Wall Street relacionadas com janeiro. A primeira diz que os primeiros cincos dias do ano vão determinar todo o mês, enquanto a segunda afirma que a variação do mês de janeiro vai ditar o rumo de todo o ano. Em ambos os casos, estiveram erradas. Os primeiros cinco dias do ano nas bolsas não foram todos no verde e o mês acabou por ser de fortes ganhos: o índice pan-europeu Stoxx 600 disparou 6,28%, enquanto o português PSI-20 valorizou 5,11%. Nos EUA, S&P 500 avançou 5,62%.

Um janeiro tão generoso para os investidores significa então um ano de sonho, certo? Errado. O impulso de início de ano dado pela reforma fiscal de Donald Trump às bolsas dos EUA perdeu força e a guerra comercial vou ganhando peso. Na Europa, além do efeito contágio, a instabilidade política também penalizou. Em dezembro, o Stoxx 600 e o PSI-20 entraram em bear market (com uma desvalorização superior a 20% face ao último máximo) e o S&P 500 andou a namorar este marco. Ao contrário do janeiro, o acumulado do ano será no vermelho para todos.

Vender em maio e ir embora

Maio é o mês de vender. O conselho subjacente ao adágio “sell in May and go away, and come on back on St. Leger’sDay [referência à típica corrida de cavalos britânica organizada no segundo sábado de setembro]” é evitar a volatilidade sazonal entre maio e setembro. Neste caso, o adágio acertou (em parte na Europa), mas também errou (nos EUA). Para as ações europeias, a chegada do sentimento negativo aconteceu mais cedo e o Stoxx 600 perdeu 0,62% entre o início de maio e o final de agosto. Para o PSI-20 foi ainda pior, com uma queda de 1,90%. Já nos EUA, o S&P 500 manteve o rally durante a época de férias e valorizou 8,67% neste período.

Este adágio está intimamente associado a outro: setembro é o pior mês do ano devido à menor liquidez nas bolsas com os investidores ainda de férias. Setembro de 2018 foi volátil e, na Europa, foi efetivamente de quedas. O Stoxx 600 perdeu 0,24% e o PSI-20 caiu 1,17%. Já o S&P conseguiu mesmo fechar o mês no verde, com um ganho ligeiro de 0,43%. Em qualquer dos casos, setembro não foi o pior mês do ano, o que nos leva ao próximo adágio…

Rally do Pai Natal em dezembro

Dezembro é o mês em que os investidores recebem um presente no sapatinho. O fecho de contas, considerações fiscais, mudanças nos investimentos para preparar o ano seguinte e até mesmo (na opinião de alguns) a alegria e otimismo com a quadra festiva, levam a valorizações no período entre o Natal e o Ano Novo. É o chamado rally do Pai Natal. Não só não chegou, como dezembro destronou setembro como o pior mês do ano e foi nos EUA que mais se notou.

Bolsa de Lisboa em bear market

Com uma guerra comercial como pano de fundo, as perspetivas de desaceleração do crescimento económico global associado à política monetária da Reserva Federal dos EUA e ao tombo no preço do petróleo desde outubro penalizaram as bolsas. Para o S&P 500 — índice que viveu dois selloffs ao longo do ano –, dezembro deverá fechar com uma desvalorização próxima de 10%. Menos negativos, mas igualmente o pior mês do ano, são os 6% do Stoxx 600 e 5% do PSI-20.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Janeiro marcou o ano? Investidores venderam em maio? Adágios das bolsas que acertaram e erraram em 2018

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião