Os robôs vêm aí. OIT deixa dez apelos para proteger os trabalhadores

A agência da ONU que se dedica ao trabalho acaba de publicar um novo relatório, no qual deixa dez recomendações aos líderes mundiais. Apela à proteção dos trabalhadores do futuro robotizado.

À boleia das novas tecnologias, da robotização, dos novos desafios demográficos e até das alterações climáticas, a transformação do mercado do trabalho passou de hipótese a certeza. A conclusão é Organização Mundial do Trabalho (OIT), que pede, por isso, aos líderes mundiais que zelem pela proteção dos trabalhadores. “As novas forças estão a transformar o mundo do trabalho. Essas transições envolvem ações decisivas“, defende a agência das Nações Unidas, no seu relatório “Trabalhar Para um Futuro Mais Promissor”, divulgado esta terça-feira.

“Há inúmeras oportunidades no horizonte para melhorar a qualidade do trabalho, alargar as escolhas, diminuir o fosso salarial entre géneros e reverter os danos causados pela desigualdade global. Sem uma ação decisiva vamos ficar sonâmbulos num mundo onde se registará o agravamento das desigualdades e incertezas já existentes”, sublinha a OIT, que deixa múltiplas recomendações (divididas em três pilares: Investir no trabalho digno, nas pessoas e nas instituições) aos primeiros-ministros, presidentes, enfim líderes de todo o mundo.

São dez os apelos deixados pela OIT:

  1. Reconhecer o direito à aprendizagem ao longo da vida (para melhorar competências dos trabalhadores e permitir o desenvolvimento de novas habilidades);
  2. Fomentar o investimento em instituições, políticas e estratégias que apoiem os trabalhadores neste momento de transformação laboral;
  3. Apostar no debate criado em torno da igualdade de género;
  4. Reforçar a proteção social (cobrindo toda a vida dos cidadãos, do nascimento à velhice);
  5. Introduzir uma “garantia universal de emprego”, que proteja os direitos fundamentais dos trabalhadores (“salário adequado, horários de trabalho claramente delimitados e ambientes de trabalho saudáveis”);
  6. Apostar no horário de trabalho mais flexível, usando a tecnologia como meio para fortalecer o equilíbrio trabalho – vida pessoal.
  7. Reforçar o papel dos sindicatos e das representações coletivas dos trabalhadores, promovendo a negociação e o debate;
  8. Usar a tecnologia para fomentar “trabalho decente”, nomeadamente através da garantia de que as decisões finais dos processos realizados por mecanismos de Inteligência Artificial são tomadas por humanos.
  9. Fomentar os investimentos em áreas chave como o trabalho sustentável e “decente”.
  10. Incentivar as empresas a fazerem investimentos a longo termo.

De acordo com o relatório publicado esta terça-feira, a inteligência artificial, a automação e a robótica serão as principais causas da eliminação de postos de trabalho humanos, já que tornarão muitas das competências humanos obsoletas. A propósito, a OIT lembra que, segundo o Banco Mundial, cerca de dois terços dos empregos atuais serão total ou parcial automatizados, nas próximas décadas. Ainda assim, a agência da ONU sublinha que essas mesmas “forças” criarão novas oportunidades.

“O mundo do trabalho está a viver grandes mudanças. Essas alterações criam muitas oportunidades para mais e melhores empregos. Os Governos, sindicatos e trabalhadores precisam de cooperar para fazer as economias e os mercados mais inclusivos. Tal diálogo social pode contribuir para o bom funcionamento da globalização”, corrobora Stefan Löfven, primeiro-ministro sueco e co-chairman da agência da ONU em causa.

Este relatório — que será apresentado, esta terça-feira, e marca o início das comemorações do centenário da organização — é publicado poucos dias depois da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) ter divulgado um estudo em que se concluiu que os robôs irão eliminar cerca de 1,1 milhões de empregos em Portugal até 2030, tendo mesmo 1,8 milhões de portugueses de encontrar uma ocupação laboral diferente da que exercem atualmente.

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