Ex-FMI: Setor financeiro em Paris e Frankfurt depois do Brexit? “É de doidos”

  • Guilherme Monteiro
  • 23 Janeiro 2019

Antigo economista-chefe do FMI considera que o bloco europeu tem sido duro com o Reino Unido no processo de saída do país da União Europeia. Kenneth Rogoff apela a cuidado no divórcio.

O antigo economista-chefe do FMI, Kenneth Rogoff, considera que a “União Europeia está a ser muito dura com o Reino Unido” na questão da saída do país do bloco europeu.

Em declarações à Euronews, à margem do Fórum Económico Mundial, em Davos, o professor de economia de Harvard diz ainda que “a ideia que o setor financeiro vai mudar para Frankfurt e Paris é de doidos! Não vai acontecer. Isso pode demorar décadas”.

O antigo responsável do FMI alerta ainda que com o divórcio entre os britânicos e os europeus “a produtividade vai sofrer um choque na Europa”, pelo que avisa que é necessário cuidado no “divórcio entre o setor financeiro e Londres”.

Saída de empresas do Reino Unido

Ainda esta quarta-feira, a Sony retirou a sede europeia de Londres pelo receio de eventuais procedimentos alfandegários que a empresa possa vir a sofrer com a saída do Reino Unido da União Europeia, apesar de manter uma representação na capital britânica. Segundo o jornal financeiro Nikkei, a tecnológica japonesa deverá fundir a Sony Europe, que atualmente tem sede em Londres, com uma subsidiária em Amesterdão.

O governo holandês confirmou também esta quarta-feira à agência noticiosa France Presse que está a negociar com mais 250 empresas, que podem também estar interessadas em trocar a sede do Reino Unido para a Holanda.

Já o ano passado, a japonesa Panasonic transferiu a sede europeia do Reino Unido para os os Países Baixos devido aos constrangimentos que o divórcio do país com o grupo dos 27 poderá vir a causar.

Nesta altura, Theresa May, vive um impasse em Londres, face às dificuldades de agradar a gregos e a troianos. Por um lado, tenta recolher uma maioria de deputados britânicos que lhe aprovem um plano B e, por outro, tenta concessões por parte dos parceiros europeus que se têm recusado a renegociar um acordo negociado durante os últimos dois anos, sem que o Reino Unido diga claramente o que pretende.

O plano B da primeira-ministra britânica foi apresentado, na Câmara dos Comuns, na passada segunda-feira e vai a votos já na próxima semana, a 29 de janeiro, depois do acordo inicial ter sido chumbado por uma histórica e pesada maioria.

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