Durante a crise, Estado fomentou crédito da banca a empresas em stress
A disponibilidade do Estado português para resgatar bancos com perdas elevadas poderá explicar, segundo um estudo do BCE, a atribuição de créditos pelos bancos a empresas em dificuldades.
O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou esta semana que a disponibilidade do Estado português para resgatar bancos com perdas elevadas poderá explicar a atribuição de créditos da banca privada a empresas em dificuldades.
De acordo com o working paper disponibilizado pelo BCE e citado esta quarta-feira pelo Jornal de Notícias, “o esperado resgate pelo Governo português pode ter dado aos bancos o incentivo de jogarem com a sobrevivência de empresas em dificuldades”.
Segundo o estudo, com data de segunda-feira e da autoria dos investigadores Laura Blattner (Stanford University), Luísa Farinha (Banco de Portugal) e Francisco Rebelo (Boston College), durante os anos de assistência financeira, os bancos não assumiam nos seus balanços todas as perdas que estavam a sofrer com empréstimos em incumprimento por parte das empresas. Assim, optaram por dar mais crédito a empresas em dificuldades “em vez de canalizarem os empréstimos para empresas mais saudáveis”.
“Os bancos, afetados pelos novos requisitos, responderam com uma redução do montante geral de crédito, mas, mais importante, também pela canalização de mais crédito a empresas com problemas financeiros e em que as perdas de crédito não estavam totalmente refletidas nos balanços”, indica o estudo.
Esta estratégia pode ser explicada, segundo o estudo, como uma forma de adiar o reconhecimento de perdas adicionais que iriam absorver mais capital. O estudo do BCE analisou a situação dos bancos portugueses em 2011 e 2012.
De acordo com as contas feitas pelo JN, no período de 2008-2017 a despesa pública com o setor bancário, em termos líquidos, atingiu os 17,5 mil milhões de euros.
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