China considera emissão de dívida pública portuguesa em renmenbi “mutuamente benéfica”

  • Lusa e ECO
  • 3 Março 2019

Portugal quer fazer uma emissão de dívida na moeda chinesa. O embaixador da China em Lisboa garante o apoio à operação e espera que se concretize "de forma satisfatória".

A China espera que se concretize “de forma satisfatória” a emissão de dívida pública portuguesa em moeda chinesa, as chamadas ‘panda bonds’, que vê como uma “cooperação mutuamente benéfica”, disse à Lusa o embaixador de Pequim em Lisboa, Cai Run. O diplomata considerou que será “mais uma fonte de financiamento” para Portugal e que, “para a parte chinesa” significará “popularidade” e um contributo para o país “ser bem acolhido pela comunidade internacional”.

No Orçamento do Estado (OE) para 2019, foi inscrito um financiamento de 377 milhões de euros em moeda estrangeira, isto depois de o Ministério das Finanças ter dito que pretendia emitir dívida em moeda chinesa, o renmibi. No programa de financiamento, escreveu apenas que “poderão ainda ser realizadas emissões no âmbito do programa EMTN [euro medium-term note], em função das oportunidades de mercado que se enquadrem na estratégia de financiamento”. Já este fim de semana, em entrevista à TSF, Cristina Casalinho, presidente do IGCP, afirmou que Portugal já submeteu o pedido de registo da operação e aguarda as autorizações formais do governo chinês e do Banco Central da China.

“Esperamos que possa andar de forma satisfatória. É também uma cooperação mutuamente benéfica”, disse Cai Run, em resposta a questões da Lusa a propósito dos 40 anos de relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China e a visita do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, a Pequim, em abril. Cai Run sublinhou que se a emissão de dívida portuguesa no mercado chinês “se concretizar em breve”, Portugal “será o primeiro país da zona euro a emitir dívida pública em renmenbi” (ou yuan, a moeda da China).

Em outubro passado, Portugal e a China, através da Caixa Geral de Depósitos e do Banco da China, assinaram um acordo prevendo a emissão de dívida pública portuguesa em renmenbi, um dos 17 acordos bilaterais formalizados durante a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal. Portugal tem desde 2017 autorização do banco central da China para fazer uma emissão de dívida no mercado chinês.

Cai Run considerou que “a cooperação financeira é importante” dentro da “cooperação bilateral” sino-portuguesa, destacando os investimentos chineses dos últimos anos na área da banca.
Segundo o embaixador, no total, o investimento chinês em Portugal supera os nove mil milhões de euros “desde o final de 2011, início de 2012”, e tem havido “um aumento estável, ao mesmo tempo, do investimento português na China”.

Portugal é o quinto maior destino de investimento chinês no estrangeiro e é, para a China, um parceiro para investimentos noutros países europeus e nos restantes países de língua portuguesa, afirmou. “Está a tornar-se numa cooperação trilateral ou multilateral”, disse, acrescentando que a China tem a expectativa de que se estenda a mais países africanos e da América Latina.

O embaixador considerou que todos estes investimentos são “transparentes” e “respeitam as regras locais”, nomeadamente a “legislação e políticas” portuguesas e chinesas e os “regulamentos relevantes da União Europeia” de outros países.

Para o diplomata, “é necessário reforçar” esta “cooperação mutuamente benéfica” entre Portugal e a China, prevendo que os investimentos se estendam a outros setores, como o turismo ou a tecnologia.

Em relação aos investimentos portugueses, destacou, como exemplo, as potencialidades da venda dos “produtos agroalimentares de qualidade” de Portugal no mercado chinês ou a área da banca. “Queremos mais empresas portuguesas a investir na China”, reforçou, sublinhando a necessidade de haver “dois pés” na “cooperação bilateral” para haver um “futuro promissor e mais sustentável”.

O embaixador lembrou que o investimento chinês arrancou numa fase “economicamente difícil” para Portugal e considerou que ajudou o país “a sair da crise”. Já as empresas chinesas, “tiveram boas oportunidades de desenvolvimento”.

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