XTB fica sem diretor em Portugal. Perde equipa para a concorrência

Além do country manager, a unidade portuguesa da corretora polaca perdeu outras quatro pessoas que irão integrar a equipa da recém-chegada Infinox. Esta definiu como meta destronar a XTB em 2020.

A corretora polaca XTB vai mudar a liderança do negócio em Portugal. Francisco Horta, que exercia funções de country manager da XTB Portugal, abandonou o cargo no início do mês, apurou o ECO. O cargo está a ser ocupado, temporariamente, pelo homólogo espanhol.

“A saída do Francisco foi absolutamente profissional, cordial e por mútuo acordo”, afirmou Eduardo Silva, team leader da XTB em Portugal, sobre as razões da saída. “Ele abriu a sucursal e deixou a empresa com a maior quota de mercado de CFD em Portugal. No entanto, como é normal nestas empresas, passados oito anos era altura certa para mudar”.

Para já, as operações serão lideradas pelo diretor regional de Espanha, Alberto Medran. “A aposta em Portugal por parte da XTB é total e não só vamos manter a atual estrutura como vamos aumentar o número de funcionários. O mercado português é determinante para a região e vamos aumentar a relevância do mesmo”, acrescentou Eduardo Silva. Contactado, Francisco Horta confirmou a informação, mas não quis fazer mais comentários.

O ECO sabe que esta não foi, no entanto, a única saída da corretora polaca nos últimos meses. Além de Francisco Horta, quatro membros da equipa saíram também e irão agora integrar a nova equipa da corretora britânica Infinox, cujo escritório em Lisboa foi inaugurado na semana passada.

Neste grupo inclui-se Tiago da Costa Cardoso, novo responsável regional da broker, que confirmou ao ECO que “a mudança surge como uma oportunidade não só pelo facto de acreditar muito no projeto, no potencial de crescimento noutros mercados e na tecnologia que estamos a desenvolver”. Na apresentação, a Infinox definiu como objetivo destronar a XTB como líder de mercado de derivados.

Restrições à venda de produtos complexos encolhe lucros

A operar no mercado português desde 2010, a corretora polaca está presente em mais de 20 países, dos cerca de metade na Europa. No ano passado, a XTB (que é especializada em derivados) tinha anunciado uma aposta na diversificação da oferta, com a entrada no mercado de ações, bem como a redução dos preços para os clientes. Na altura, falava de crescimento e captação de novos clientes em Portugal.

No entanto, a corretora tem enfrentado dificuldades com as restrições europeias aos Contratos por Diferenças (CFD). A Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) limitou, a 1 de agosto do ano passado, a comercialização destes produtos financeiros complexos junto de investidores de retalho por ter concluído que entre 74% e 89% das contas de retalho perdem dinheiro com CFD.

A limitação tem tido impacto nos resultados da XTB. O lucro líquido da corretora polaca tombou 88% para 920 mil euros no quarto trimestre de 2018, face aos 7,63 milhões de euros registado no período homólogo.

As contas relativas apenas a Portugal não são conhecidas, mas os dados da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) mostram que a XTB manteve a posição de líder do mercado de derivados no primeiro trimestre. No entanto, os 4,1 mil milhões de euros de investimento em derivados entre janeiro e março representou uma queda 56,4% face ao mesmo período do ano passado.

Eduardo Silva negou que a saída do country manager da XTB estivesse relacionada com o desempenho da empresa e acrescentou sobre o aumento da regulação: “a consolidação no setor pós-ESMA irá beneficiar a XTB no longo prazo. A presença vai continuar forte é apenas um ciclo que terminou e outro que começa”.

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