Aumento da incerteza da política comercial dos EUA agrava riscos para PIB mundial, diz Moody’s

  • Lusa
  • 6 Junho 2019

Imprevisibilidade das políticas comerciais dos EUA com diversos parceiros e tensões crescentes com Irão são riscos que podem conter crescimento económico global, avalia a agência de rating.

A agência de ‘rating’ Moody’s alertou esta quinta-feira que a incerteza crescente em torno da política comercial dos Estados Unidos aumentou o risco para as perspetivas de crescimento da economia global e existe uma margem limitada para políticas monetárias e orçamentais.

“A recente escalada das tensões entre os Estados Unidos e a China ensombraram as perspetivas para a economia global”, indica a Moody’s num relatório hoje divulgado.

Na atualização de junho do ‘Global Macro Outlook 2019-20’, a agência de ‘rating’ frisa que, “apesar de o crescimento global ter mostrado sinais de estabilização, dois recentes desenvolvimentos económicos geraram uma incerteza significativa”.

A Moody’s aponta, em primeiro lugar, que “a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China intensificou-se, com cada um dos lados a impor tarifas adicionais sobre o outro”.

“Se as tensões se arrastarem ou aumentarem, deixarão um impacto duradouro na economia global”, pode ler-se na análise assinada por Madhavi Bokil, vice-presidente da Moody’s e ‘Senior Credit Officer’.

A especialista acrescenta que, “além disso, a nova ameaça dos Estados Unidos de impor tarifas sobre todas as importações do México é um lembrete da incerteza da política comercial dos Estados Unidos”.

Mas a Moody’s prossegue que, em segundo lugar, “um agravamento das tensões entre os Estados Unidos e o Irão poderia derrubar o delicado equilíbrio no Médio Oriente, potencialmente fazendo subir os preços do petróleo e complicando ainda mais a tomada de decisões económicas num ambiente já incerto”.

E a agência de ‘rating’ indica ainda que se mantêm os riscos associados à saída do Reino Unido da União Europeia: “o caminho do Reino Unido para o ‘Brexit’ permanece incerto”, três anos depois de os eleitores britânicos terem votado pela saída do país da União Europeia.

Por tudo isto, a Moody’s indica que “os riscos de uma desaceleração mais acentuada aumentaram”, alertando que “os recentes desenvolvimentos comerciais e geopolíticos poderiam colocar a economia em risco se resultarem numa queda significativa dos mercados financeiros globais e um aperto abruto das condições financeiras”.

Além disso, a agência sublinha que “o ritmo da atividade económica está claramente a abrandar em várias economias”.

A Moody’s antecipa que o crescimento da economia mundial abrande para 2,8% quer em 2019 quer em 2020, face aos 3,2% registados em 2018, uma previsão que reflete “uma desaceleração do crescimento nos Estados Unidos, na China, na zona euro e na Ásia desenvolvida”.

Para a zona euro, a Moody’s prevê um crescimento de 1,3% em 2019 e de 1,4% em 2020, um desempenho “consideravelmente mais fraco que o crescimento de 1,8% em 2018”.

A agência de ‘rating’ salienta ainda que no caso de uma desaceleração global significativa, “as economias industriais avançadas dos países do G-20 têm uma margem limitada para a política monetária e orçamental para estimular a procura global”.

Mas a Moody’s considera que a predominante tendência acomodatícia entre os bancos centrais mundiais, as medidas de estímulo na China e a procura interna nos EUA e nas principais economias da zona euro poderão funcionar “como contrapeso para o impacto adverso do aumento das tensões comerciais e da incerteza” associada.

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