Salgueiro vai de Bretton Woods a Draghi para evitar questões sobre as Boats Caravela que custaram 340 milhões à Caixa
PS enviou 11 questões a Salgueiro para perceber a operação que deu rombo de 340 milhões à Caixa. Ex-presidente remeteu para a audição de Vieira Monteiro. E criticou "perdas de memórias" na comissão.
Foram 11 perguntas que o grupo parlamentar do PS enviou a João Salgueiro, presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 1996 e 2000, para perceber os contornos de uma das operações mais ruinosas para o banco público nos últimos anos: as Boats Caravela, que provocaram uma perda de 340 milhões de euros. Mas João Salgueiro evitou todas elas contando a história do sistema financeiro mundial desde Bretton Woods até Mario Draghi, remetendo as respostas para o que já disse Vieira Monteiro na comissão de inquérito ao banco público. Também criticou o “abuso de perdas de memória” na comissão.
Perguntaram os socialistas: Como surgiu a operação? Confirma o que disse António de Sousa a seu respeito, de que “certamente não se apercebeu qual era o risco que estava subjacente a uma operação daquelas”? Por que razão se contratou o Credit Suisse? Quem negociou a operação?
“A resposta simples ao agora solicitado é explicitar que não considero necessário acrescentar nada ao que foi informado pelo dr. Vieira Monteiro, que durante mais de três décadas exerceu as mais altas responsabilidades executivas em bancos portugueses e espanhóis que sempre desempenhou com independência e rigor”, afirmou João Salgueiro nas respostas por escrito enviadas ao Parlamento. Sobre as Boats Caravela nem mais uma palavra.
"A resposta simples ao agora solicitado é explicitar que não considero necessário acrescentar nada ao que foi informado pelo dr. Vieira Monteiro.”
Em 1999, a CGD contratou um instrumento financeiro complexo para se proteger da desvalorização da carteira de dívida pública e cujos títulos estavam parqueados nas filiais de Espanha e França. Este instrumento, chamado Boats Caravela, provocou prejuízos de 340 milhões de euros ao banco público, sendo uma das operações mais ruinosas detetadas pela auditoria da EY.
Vieira Monteiro, atualmente a desempenhar funções de chairman no Santander Totta, justificou as perdas volumosas na operação com a “discrepância” entre o que a administração tinha aprovado e o contrato final celebrado com o Credit Suisse. O banco suíço ficou com o poder para alterar o conjunto de ativos do fundo contratualizado e, com isso, determinar o desempenho do produto, algo que não tinha sido aprovado inicialmente pela gestão, explicou Vieira Monteiro durante a sua audição. Mas a prestação também ficou longe de convencer os deputados.
Apesar de não responder às questões sobre as Boats Caravela, João Salgueiro criticou aqueles que se têm escudado na falta de memória para não esclarecer as operações polémicas dos bancos. Diz mesmo que se tem abusado em demasia nesta matéria.
“O que é talvez mais grave, é que se tem abusado demasiadas vezes de perdas de memória para não explicar os casos que se consideram sensíveis, em vez de, pela positiva, oferecer informação suficiente sobre as verdadeiras causas das dificuldades e promover a rápida correção”, afirmou Salgueiro.
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