“A tecnologia está a mudar o modelo de negócio”, diz presidente da ASF
A presidente da ASF entidade de supervisão, Margarida Corrêa de Aguiar, quer elevar os riscos de sustentabilidade a tema central das organizações de que é reguladora
“O impacto das novas tecnologias vai muito para além da emergência de uma nova vaga de riscos – como os ataques cibernéticos e a proteção de dados pessoais”, alertou a presidente da Autoridade de Supervisão de Fundos e Pensões (ASF), na conferência sobre a convergência europeia de supervisão, que teve lugar no final da passada semana.
Para Margarida Corrêa de Aguiar a inovação tecnológica está a provocar “uma profunda alteração” dos modelos de negócio, “desde a conceção de produtos inovadores adequados a um novo perfil de consumidor e a novas expectativas e necessidades, passando pela utilização das novas tecnologias no processamento de grandes volumes de dados, até ao recurso à inteligência artificial, para tornar os processos mais eficientes e melhorar a experiência dos consumidores”. A presidente da entidade supervisora dá os exemplos das mudanças introduzidas os casos do seguro automóvel, em que o prémio se pode ajustar à utilização efetiva do veículo seguro, graças aos dados obtidos em tempo real, ou do seguro de saúde, em que o recurso a uma simples aplicação no smartphone permite abrir, gerir e encerrar processos de reembolsos de sinistros.
Corrêa de Aguiar considerou ainda que a temática da sustentabilidade deixou de ser um “tema de nicho”, devendo constituir atualmente uma matéria central nas organizações, adiantando que o setor financeiro se deve tornar “um agente de promoção do crescimento sustentável através da oferta de produtos e serviços que tenham em consideração os aspetos ambientais, sociais e de governação, bem como direcionando os fluxos financeiros – investimentos e poupanças – para projetos, empresas e instituições que promovam a transição para o novo modelo de desenvolvimento da sociedade”. No caso da sustentabilidade do setor de seguros e fundos de pensões o contributo para esta transformação ocorre dos dois lados dos balanços das entidades que neles operam. “Do lado do ativo, na reorientação progressiva das carteiras de investimentos para setores, empresas e projetos sustentáveis – também conhecidos por ‘green investments’ – fazendo uso da sua qualidade de grandes investidores institucionais e do seu perfil de investidores de longo prazo. Do lado do passivo, na adequação da sua oferta seguradora, seja na cobertura de riscos ambientais, de catástrofes naturais, e de outros riscos específicos, ou em produtos de poupança ou planos de pensões cujas carteiras de ativos subjacentes sejam explicitamente vocacionadas para investimentos que promovam os objetivos da sustentabilidade”, precisou.
Neste contexto de mudança as autoridades de supervisão financeira deverão ter um “papel importante na indução de uma transição gradual que acautele, simultaneamente, os objetivos da sustentabilidade e da estabilidade financeira”. Para a presidente da ASF a resposta aos novos desafios “não pode deixar de considerar o caminho que tem sido seguido a nível europeu” de esforço de convergência regulamentar e no domínio da supervisão”.
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