“Estamos certamente seis meses atrasados” no lançamento do 5G, diz Alexandre Fonseca

  • Lusa
  • 7 Agosto 2019

O presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, aponta o dedo à Anacom pelo silêncio nas questões que dizem respeito à rede 5G.

O presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, considerou na terça-feira, em Lisboa, que Portugal está atrasado no lançamento do 5G e a “perder claramente o comboio” da quinta geração móvel.

“Estamos certamente seis meses atrasados” no lançamento do 5G, afirmou o gestor num encontro com jornalistas, referindo que Portugal está a “perder claramente o comboio” da nova vaga tecnológica. “Espanha já lançou, Itália, Alemanha, Inglaterra, Áustria já fizeram leilões e atribuíram licenças” e em Portugal não se sabe nada sobre o assunto, salientou Alexandre Fonseca.

“Nunca vi Portugal ter ficado para trás numa vaga tecnológica”, afirmou Alexandre Fonseca, apontando responsabilidades à Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom). “Há uma necessidade imediata, que Portugal mantenha a sua posição de liderança tecnológica”, defendeu.

No entanto, “estamos completamente na cauda da Europa, ninguém sabe hoje qual é o calendário, qual o mecanismo para atribuição do espetro, quais são as frequências, como vamos fazer em relação a Lisboa, qual vai ser a obrigatoriedade de cobertura geográfica”, disse o gestor.

Questionado sobre quem tem responsabilidade nesta matéria, foi perentório: “Obviamente ao presidente da Anacom”. Cabe à Autoridade Nacional de Comunicações definir o calendário, sendo que a diretiva comunitária indica que a atribuição do 5G deverá ser realizada até junho de 2020, ou seja, daqui a menos de um ano.

“Neste momento, o regulador tem feito silêncio absoluto” sobre a matéria, “nunca falou connosco em detalhe” e “nem diz ao mercado, pelo menos”, prosseguiu. No âmbito do 5G, Alexandre Fonseca apontou um “tema que tem sido varrido literalmente pelo regulador para debaixo do tapete, que é o tema da TDT [televisão digital terrestre]”.

Um tema que considerou “gravíssimo”, que classificou de “bomba relógio que vai rebentar e que provavelmente vai rebentar não nas mãos do regulador”, que é a TDT. O gestor referia-se ao processo de libertação da faixa dos 700 MHz (megahertz), “uma das frequências chave para o 5G”, que vai levar a mudança na sintonização da TDT.

Isso significa que as pessoas que hoje têm TDT (televisão de sinal aberto/gratuito), na sua maioria do interior do país, com baixa literacia digital, vão ter de ir aos descodificadores e sintonizar os canais manualmente. “O regulador já disse alguma coisa sobre o que é que vai acontecer? Quando é que isto acontece?”, questionou Alexandre Fonseca.

“Estamos a falar de uma franja da população que não é despiciente, se falarmos dos utilizadores da TDT como um todo, estaremos sempre a falar de mais de meio milhão de pessoas”, mas há uma parte substancial, metade, que não sabe sintonizar os canais, prosseguiu.

A Altice Portugal fez uma proposta ao regulador para fazer montar um ‘call center’ para atender a população. Além disso, a operadora propôs também ao regulador um ‘simulcast’, que significa que a frequência antiga e nova da TDT se mantinham em simultâneo para permitir que ninguém ficasse sem televisão durante o processo. O regulador “disse liminarmente não”, acrescentou.

“Há dois anos e meio que sabemos que a TDT tem de sair dali [daquela frequência]. Há dois anos e meio que o regulador sabe disto. E agora estamos a 10 meses do prazo e ainda nem sequer sabemos” como isso vai ser feito, disse.

Alexandre Fonseca atribuiu este atraso a uma “incapacidade do regulador em colocar cá fora, com cabeça, tronco e membros, um conjunto de regras, de metodologias e um programa para, primeiro a mudança da TDT, e depois para o 5G”.

“O regulador tem uma agenda ideológica e muito demagógica em que tenta aparecer nas notícias como o ‘Robin dos Bosques’ das telecomunicações”, acusou o gestor. O 5G “é um comboio imparável” e a exploração desta tecnologia na sua plenitude “não vai acontecer antes de 2023”, considerou.

“Qualquer pessoa que se preocupe com a competitividade do nosso país está preocupada com o facto de o 5G estar completamente às escuras e guardado numa gaveta dentro da Anacom”, acrescentou. Sobre o lançamento de um terminal 5G por parte da NOS, o presidente da Altice Portugal afirmou que a Meo também já tem um ‘smartphone’ disponível nas suas lojas.

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