Líder angolana ENSA vai ser privatizada este ano
A seguradora está na primeira fase de venda de empresas pelo Governo angolano. A Saham, segunda maior no país, revelou estar interessada enquanto a Fidelidade garante que é "assunto não analisado".
A ENSA – Empresa Nacional de Seguros será privatizada ainda este ano, sendo englobada na primeira fase de venda de empresas públicas angolanas ao setor privado, agora concretizada através de um decreto presidencial de João Lourenço. A seguradora é a líder destacada no mercado local tendo cerca de 38% de quota, segundo o jornal angolano Mercado, tendo os prémios atingido cerca de 220 milhões de euros no final do ano de 2017 com resultados próximos de 5 milhões de euros.
O modelo de privatização ainda não foi definido, embora o governo angolano tenha previsto para 2019 a possibilidade de concurso público ou IPO (Initial Public Offering), neste caso vendendo em bolsa parte das ações que se tornarão existentes ao ser preparada a operação.
Na lista de interessados está a Sanlam, maior companhia sul-africana que no final do ano passado adquiriu o controlo da Saham Seguros Angola, detida pela marroquina Saham Finances, e que, segundo o jornal Mercado, terá uma quota de mercado de 15,49%. Ainda segundo a mesma fonte, a Fidelidade – Angola terá 11,7% do mercado angolano sendo a terceira maior companhia a operar no país.
Em relação ao interesse da Fidelidade na privatização, fonte da empresa na casa-mãe em Lisboa garantiu a ECOseguros que “o assunto não foi analisado”.
Penetração de seguros em Angola mantém-se em 1% do PIB
O setor segurador em Angola debate-se com desafios importantes como “a falta de credibilidade, qualidade dos produtos e o demasiado tempo de regularização dos sinistros”, afirma Gabriel Cangueza, director-geral da Academia de Seguros e Fundo de Pensões, citado pelo Jornal de Angola, acrescentando que são “fatores que explicam baixa adesão dos clientes”. No entanto, este especialista concluiu referindo que “a falta de conhecimento sobre a importância do seguro na vida dos cidadãos e das empresas” continua a ser a principal causa da baixa subscrição dos seguros automóvel, saúde e multiriscos.
Os últimos dados disponíveis sobre a atividade de Angola, compilados pela ARSEG – Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros e respeitantes a 2017, apontam para um volume de prémios emitidos de 598 milhões de euros ao câmbio do último dia de 2017 (1 euro = 197 Kwanzas). Se calculado ao câmbio atual seria metade desse valor. Esta produção correspondeu apenas a 1% do PIB desse ano, no entanto a penetração aumentou de 0,74%, valor que se verificava dois anos antes.
Em análise dinâmica pode verificar-se que também a produção de seguros variou com as enormes oscilações económicas do país resultantes da cotação internacional do barril de petróleo, da produção deste e dos reflexos cambiais que esta conjuntura provoca na paridade dólar e Kwanza. Na moeda local a produção total em 2014 foi de 103,1 mil milhões de Kwanzas, no ano seguinte subiu 12% para 113,2, em 2016 desceu até 102,4 e em 2017 voltou a subir para 116,4 mil milhões de kwanzas.
Por segmentos, Vida tem pouca expressão na produção, apenas 0,2%, cabendo 55% do negócio a seguros de acidentes, doenças e viagens, 19% a Automóvel e 7% a Petroquímica, distribuindo-se o restante, com expressão abaixo desse valor, entre Incêndio, Transportes, responsabilidade civil e outros ramos e riscos diversos.
A sinistralidade foi, em 2017, de 21% em Vida e 58% em Não Vida sendo os ramos Incêndio e Transportes os que apresentam piores rácios. Por enquanto, os seguros obrigatórios no país são Acidentes de trabalho e Doenças Profissionais, Responsabilidade Civil de Aviação, Transportes Aéreos, Infra-estruturas Aeronáuticas e Serviços Auxiliares, e a Responsabilidade civil automóvel, que apresentou uma taxa de sinistralidade de 41% em 2017.
Os operadores de mercado têm aumentado nos últimos anos existindo 28 seguradoras a operar em Vida e Não Vida, das quais apenas a ENSA é, por enquanto, de capitais públicos.
A mediação de seguros, segundo os dados publicados pela ARSEG, conta com 51 entidades coletivas entre agentes, corretores e brokers, e 8 entidades gestoras de fundos de pensões. Os mediadores pessoas singulares atingiam um total de 399 no fim de 2017.
Formação de profissionais avança
O estabelecimento de mais seguradoras e outros operadores no mercado angolano tem levado a maior formação e sua colocação posterior. “Mais de 35 por cento dos jovens a cumprirem estágios obrigatórios no sector segurador são absorvidos pelo mercado de emprego”, afirmou o director-geral da Academia de Seguros e Fundo de Pensões em declaração a jornalistas em Luanda. Gabriel Cangueza indicou que, nos últimos quatro anos, a instituição formou cerca de 4 387 jovens e que “muitos foram inseridos nas maiores agências seguradoras do país, como a Bonws, Fidelidade, Nossa, ou na Corretora Mossegue”.
Ainda segundo Cangueza “grande parte dos técnicos estão inseridos nas áreas comerciais, devido a uma maior aposta das empresas seguradoras no setor de vendas”,
Entre os jovens formados constam técnicos comerciais, técnicos de contabilidade de seguros, atuários, “Temos sido a solução para as necessidades de formação solicitadas pelo mercado”, sublinhou o diretor geral destacando a parceria com empresas como a Sociedade Gestora e a Fidelidade para estágios obrigatórios dos jovens, estando nesta condição mais de cem formados.
A Academia de Seguros e Fundo de Pensões conta com “cerca de 14 formadores e ministra 60 cursos” indica Gabriel Cangueza.
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