“Bienvenidos”. Merlin entra na bolsa de Lisboa a valer 12,41 euros por ação

A sociedade de investimento imobiliário espanhola apresentou-se esta terça-feira na bolsa de Lisboa. Começa a negociar na próxima sessão após uma operação de 'dual listing'.

Entrada da Merlin Properties na Bolsa - 14JAN20

A Merlin Properties vai começar a negociar na bolsa de Lisboa esta quarta-feira com um valor inicial de 12,41 euros por ação. A sociedade de investimento imobiliário espanhola chega após uma operação de dual listing, ou seja, as ações que vão negociar em Lisboa são as mesmas que negoceiam nos quatro índices espanhóis.

“Bienvenidos”. Foi assim, em espanhol, que a presidente da Euronext Lisbon, Isabel Ucha, se dirigiu à empresa na sessão simbólica de toque do sino, na véspera da primeira sessão de negociação. “É uma nova classe de ativos disponível na Euronext Lisbon e esperamos que a Merlin abra caminho a novas admissões nomeadamente de SIGI“, afirmou Isabel Ucha.

Com o ticker MRL e 469.770.750 ações a negociar, a capitalização da Merlin será de 5,8 mil milhões de euros. “A admissão da Merlin na bolsa de Lisboa é muito importante e relevante”, acrescentou a presidente da Euronext Lisbon apontando para o “compromisso da empresa” com Portugal e a “confiança nos investidores portugueses”.

O CEO da Merlin, Ismael Clemente, explicou que “esta entrada é bem representativa do posicionamento em relação a Portugal” que vê como único mercado igual a Espanha. “Queríamos cotar cá como forma de dizer obrigada a um país onde trabalhamos há muitos anos (desde 1996). E tivemos a sorte de a bolsa de Lisboa estar vinculada à Euronext”, afirmou, referindo que 1% do capital da Merlin já é detido por investidores portugueses.

Novos acionistas portugueses vão já receber dividendo de 32 cêntimos

A empresa reafirmou que não pretende adotar para já a categoria de sociedade de investimento e gestão imobiliária (SIGI) em Portugal, apesar de ter a categoria equivalente em Espanha, ou seja, de SOCIMI. O facto de não ter o estatuto cá, os investidores nacionais terão igualmente acesso às condições que vêm com o regime, incluindo os dividendos atrativos.

Por lei, as SOCIMI têm de distribuir pelo menos 50% dos lucros de transação de imóveis e ganhos dos ativos, bem como reinvestir o restante nos três anos seguintes. Têm de dar 100% dos lucros com dividendos de subsidiárias e, pelo menos 80%, dos restantes ganhos.

Os acionistas já receberam um dividendo intercalar de 0,20 euros referente aos resultados de 2019, mas os novos acionistas portugueses terão ainda acesso ao dividendo final e à distribuição de ganhos, cuja proposta é de um total de 32 cêntimos. A remuneração deverá assim aumentar novamente, apesar de ser esperada uma quebra dos lucros, que Ismael Clemente atribui à forte valorização que os ativos tiveram em anos anteriores e que começa a desacelerar.

Merlin quer duplicar peso dos ativos em Portugal até 20%

A Merlin investe em imóveis comerciais (especialmente escritórios, retalho e logística) principalmente em Espanha, mas também em Portugal (num máximo de 25% da carteira). Em setembro do ano passado, o total de ativos atingia os 12.899 milhões de euros (com 923 imóveis em Espanha e 11 em Portugal).

Ismael Clemente diz que o objetivo é aumentar o peso que Portugal tem na carteira de ativos. Atualmente, os imóveis em Portugal representam cerca de 9% da carteira, mas o CEO da Merlin diz que ainda há espaço para crescer. Dada a maturidade que vê no imobiliário português, será mais seletivo na escolha de novas aquisições.

O mercado já passou claramente a uma segunda etapa de desenvolvimento e as taxas de capitalização são já muito baixas. Tão baixas como em Espanha ou na maioria dos países europeus. Portanto, para nós, entrámos numa época em que o uso mais eficiente do capital dos nossos acionistas é investimento no crescimento interno, ou seja, investir nos ativos que já temos para ganhar com rendas”, afirmou Ismael Clemente.

“Mas se aparecerem oportunidades no mercado que tenham oportunidade para nós, como achamos que a exposição que temos está abaixo do que achamos que deveria representar na nossa carteira — achamos que deveria ser entre 15% e 20% — ainda temos muita margem para crescer em Portugal. Não sei se será neste ciclo ou no próximo“, acrescentou.

(Notícia atualizada às 18h)

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