Espanhola Merlin estreia-se na bolsa de Lisboa a 15 de janeiro. “Esperamos, mais tarde ou mais cedo, subir ao PSI-20”

A espanhola Merlin Properties vai estrear-se na bolsa de Lisboa a 15 de janeiro, através de um processo de dual-listing. Empresa já opera em Portugal desde 2015 e atua no setor imobiliário.

Cerca de três meses depois de ter anunciado a intenção de entrar na bolsa de Lisboa, a SOCIMI espanhola Merlin Properties já tem data de estreia. É no dia 15 de janeiro que a bolsa vai passar a ter mais uma cotada, especializada no setor imobiliário. Este é o primeiro passo da empresa, que já opera no mercado nacional há cerca de quatro anos, e que pretende criar uma Sociedade de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI).

“Neste dia, quinta-feira, a Euronext Lisbon decidiu admitir a cotação e negociação no mercado regulado da Euronext em Lisboa as ações representativas do capital social da Merlin, mediante o procedimento de cotação direta (dual-listing). A cotação e negociação efetiva das ações na Euronext Lisbon será a 15 de janeiro de 2020″, lê-se no comunicado enviado pela empresa à Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV).

“É um passo natural da empresa que, mais do que ter ADN espanhol, quer ter ADN ibérico. Esta presença na bolsa de Lisboa vai ao encontro do nosso ADN e da nossa natureza“, diz ao ECO João Cristina, diretor-geral da Merlin Properties em Portugal.

João Cristina, diretor-geral da Merlin Properties em Portugal, e Inés Arellano, responsável de relações com os investidores.Hugo Amaral/ECO

Com esta operação, a empresa espera ser “vista como um player local”, dado que, atualmente, quase 10% da carteira da Merlin está em Portugal, mas o objetivo é aumentar essa quantidade para 15%. Isto “vai permitir aos investidores comprar as nossas ações através da Euronext Lisbon”, já que os custos de transação seriam significativamente superiores se comprassem através da bolsa espanhola.

Sobre uma possível entrada para o PSI-20, João Cristina explica que “essa admissão não é automática” e não depende apenas da Merlin. Mas há, claro, essa vontade. “Esperamos, mais tarde ou mais cedo, subir ao PSI-20. Mas, inicialmente, não é aí que vamos estar, infelizmente”, sublinha.

A intenção da Merlin em entrar para a bolsa de Lisboa já há muito que era pública e o anúncio oficial foi mesmo feito em outubro. Contudo, a conclusão da operação aconteceu um pouco fora de prazo, dado que a empresa apontava para o final de 2019.

Num encontro com o ECO, nessa altura, João Cristina e Inés Arellano, responsável pelas relações com investidores, afirmaram que esta operação iria dar à imobiliária “maior visibilidade no mercado português”, dado que são atualmente o proprietário “número dois” em termos de metros quadrados de escritórios em Portugal, mas que poucos os conhecem. “Vamos ser uma empresa relevante cá e, então, vamos ser muito mais conhecidos. Viemos para ficar e para aumentar [a carteira]”, disse Inés Arellano.

SIGI são um objetivo mas, “tal como estão regulamentadas, ainda não é possível”

A entrada em bolsa é apenas um “primeiro passo”. O objetivo principal é criar uma SIGI, a ferramenta mais recente criada pelo Governo para investir no imobiliário. A legislação está criada mas, para estes investidores espanhóis, ainda falta clarificação. “As SIGI, tal como está a regulamentação, não nos deixam encaixar. Gostaríamos de ser uma SIGI mas, tal como estão regulamentadas, não nos permite”, disse, em outubro, Inés Arellano ao ECO.

Isto porque, explicou, em países onde o regime dos Real Estate Investment Trust (REIT) vigora, quando uma empresa estrangeira é considerada um REIT e é 100% proprietária de uma empresa noutro país, “automaticamente a subsidiária também é um REIT”. Contudo, a lei portuguesa obriga a que haja mudanças na sociedade para que essa mesma subsidiária possa ser considerada uma SIGI.

“Em Espanha isso aconteceu. A lei das SOCIMI saiu em 2009 e por volta de 2012/2013 houve uma definição da lei. Acreditamos que em Portugal vai acontecer exatamente o mesmo”, perspetivou a responsável. Quando? “Até que o regulador perceba que tem de clarificar a regulamentação”.

João Cristina, diretor-geral da Merlin em Portugal, sublinha essa mesma ideia: “Para já, enquanto não houver alterações à legislação, é mais difícil o investidor estrangeiro conseguir entrar em Portugal através do regime das SIGI”.

A Merlin Properties entrou no mercado nacional em 2015, com a compra do Edifício Caribe, no Parque das Nações, por cerca de 18 milhões de euros e, desde então, tem vindo a somar transações. Da lista fazem parte o famoso Edifício Monumental (que está atualmente a ser reabilitado), a Plataforma Logística Lisboa Norte, em Castanheira do Ribatejo e que vai receber um investimento de 150 milhões de euros, e o Almada Fórum, por mais de 400 milhões de euros. A transação mais recente aconteceu em setembro, com a compra da sede da Nestlé por 12,5 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 9h41 com mais informação)

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