Luanda Leaks: Angola espera cooperação de países abrangidos para combater corrupção

  • Lusa
  • 21 Janeiro 2020

O ministro de Estado para a Coordenação Económica disse que espera "cooperação com todos aqueles países que sintam que aspetos que foram trazidos à luz tenham relevância para os seus países".

Angola espera obter a cooperação de outros países que estejam abrangidos pelo caso Luanda Leaks, que envolve Isabel dos Santos, afirmou esta terça-feira em Londres o ministro de Estado para a Coordenação Económica angolano, Manuel Nunes Júnior.

Numa intervenção no Instituto Real de Relações Internacionais Chatham House, o governante disse que espera “cooperação em termos diplomáticos com todos aqueles países que sintam que aspetos que foram trazidos à luz tenham relevância para os seus países”.

“O combate que estamos a fazer ao mau uso de recursos públicos em Angola é um combate sério, firme e vai continuar, porque precisamos de ter em Angola uma sociedade que respeite a lei. Vamos buscar a cooperação de todos aqueles países que podem ser relevantes nesta luta contra a corrupção”, afirmou Manuel Nunes Júnior, questionado sobre o caso Luanda Leaks.

O ministro angolano admitiu que o caso relativo à filha do anterior Presidente José Eduardo dos Santos “é uma situação sensível, mas é algo que o executivo angolano tem realmente de tratar”.

Sobre o papel das consultoras que faziam auditorias a empresas, referiu que “vários órgãos de Angola e não só vão ter de pegar nessa informação toda, analisá-la e ver os passos seguintes”.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou no domingo mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

A empresária Isabel dos Santos disse estar a ser vítima de um ataque político orquestrado para a neutralizar e sustentou que as alegações feitas contra si são “completamente infundadas”, prometendo “lutar nos tribunais internacionais” para “repor a verdade”.

De acordo com a investigação deste conjunto de órgãos de comunicação social, entre os quais o Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada a portuguesa Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da operadora NOS.

Os dados divulgados envolvem também o advogado pessoal da empresária, o português Jorge Brito Pereira (sócio da Uría Menéndez, o escritório de Proença de Carvalho), o presidente do conselho de administração da Efacec, Mário Leite da Silva (CEO da Fidequity, empresa com sede em Lisboa detida por Isabel dos Santos e o seu marido), e Sarju Raikundalia (ex-administrador financeiro da Sonangol).

Segundo os documentos, Isabel dos Santos e Sindika Dokolo têm participações acionistas de empresas e bens, como imobiliários, em países como Angola, Portugal, Reino Unido, Dubai e Mónaco.

O atual ministro de Estado para a Coordenação Económica, que esteve em Londres a representar o Presidente João Lourenco, na primeira Cimeira de Investimento Reino Unido-África, na segunda-feira, falava após uma palestra intitulada “Angola e compromisso com a Economia: Avaliação do Progresso das Privatizações e Outras Reformas Económicas”.

Manuel Nunes Júnior salientou a implementação de um verdadeiro Estado de direito” como essencial para atrair investidores estrangeiros para o país e a necessidade de introduzir “medidas para combater práticas que não são saudáveis nem recomendáveis para o crescimento do país”.

“Começamos a viver um ambiente diferente em Angola. A nossa perceção sobre a corrupção e a impunidade e a perceção do resto do mundo sobre nós começa a mudar no sentido positivo”, congratulou-se.

O governante elogiou ainda a Procuradoria-Geral da República de Angola por estar “a levar a cabo um combate efetivo contra a criminalidade económica e financeira” e os tribunais, que, garante, “têm exercido um nobre papel com plena autonomia”.

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