Justiça não vai usar segredos de Rui Pinto sobre BES
Durante as buscas à casa do hacker português foram apreendidos vários discos rígidos com informação privilegiada, entre as quais sobre o BES. Justiça diz que não podem ser utilizadas.
A Polícia Judiciária não pode utilizar os inúmeros ficheiros encontrados por Rui Pinto e que foram apreendidos após as buscas à casa do hacker português em Budapeste, na Hungria. Entre os elementos apreendidos estarão informações relativas ao Banco Espírito Santo (BES).
“A soma de dois males nunca pode produzir um bem”, referiu a Juíza Cláudia Pina na decisão instrutória que levou a que o caso da extorsão à Dohen (de entre 500 mil e um milhão de euros) seguisse para julgamento. Com estas declarações a magistrada colocou de lado qualquer possibilidade de uma investigação paralela, avança o Correio da Manhã (acesso pago).
Durante as buscas feitas à casa de Rui Pinto, responsável pelo Football Leaks, as autoridades apreenderam 12 discos rígidos com dezenas de milhares de gigabytes de informação. Dentro destes discos estarão informações privilegiadas sobre o BES, mas que não deverão dar origem a nenhum processo-crime, uma vez que já foram abertas e obtidas ilegalmente, aponta o jornal. No entanto, alguns destes discos estão encriptados, pelo que as autoridades não conseguem aceder à informação sem a ajuda do hacker.
Esta quinta-feira, o hacker português voltou a deixar uma mensagem no Twitter acusando a Policia Judiciária e o Ministério Público de não querer divulgar a informação. “Se dependesse da Polícia Judiciária e do Ministério Público português, estas informações nunca viriam a público, nem as autoridades angolanas alguma vez seriam informadas da existência destes dados. Vistos Gold, ESCOM, BES Angola, há muita coisa que os portugueses merecem saber“, lê-se na publicação.
Tweet from @RuiPinto_FL
Rui Pinto está acusado pelo Ministério Público de crimes de mais de cem crimes, entre os quais acesso ilegítimo, violação de correspondência, alguns deles agravados, sabotagem informática e tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, do fundo de investimento Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol e da Procuradoria-Geral da República, e posterior divulgação de dezenas de documentos confidenciais destas entidades. O hacker português encontra-se em prisão preventiva.
Esta semana, os advogados de Rui Pinto confirmaram as suspeitas da PJ que acreditava que o hacker tinha sido o denunciante por detrás da fuga de informação de um conjunto de 715 mil documentos contendo informações sobre Isabel dos Santos, nomeadamente sobre transferências feitas pela empresária angolana para contas offshore no Dubai. A investigação que ficou conhecida como Luanda Leaks foi realizada pelo consórcio internacional de jornalistas de informação, do qual fazem parte a SIC e o Expresso.
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