“Centeno não vai fazer fretes nem favores ao Governo no Banco de Portugal”, diz Marques Mendes

Sair das Finanças para o Banco de Portugal já aconteceu em Portugal por três vezes, sempre com o PSD, frisou Marques Mendes lembrando os casos de Tavares Moreira, Miguel Beleza e António Sousa.

Numa semana marcada pela discussão se Mário Centeno deveria ter um “período de nojo” antes de eventualmente passar do Ministério das Finanças para governador do Banco de Portugal, Marques Mendes defende que a passagem direta “não beneficia a imagem de independência do banco central”, contudo, dadas as características do atual titular das Finanças, o comentador defende que “Centeno não vai fazer fretes nem favores ao Governo no Banco de Portugal”.

Mas a passagem direta das Finanças para o Banco de Portugal não é inédita no país, recorda Marques Mendes no seu espaço habitual de comentário na SIC. Os três casos precedentes foram todos com governos no PSD: Tavares Moreira, Miguel Beleza e António de Sousa. “Não estão e causa as pessoas, mas sim o princípio”, frisou.

“Mas apesar desta questão dos eventuais conflitos de interesse há uma questão da qual não tenho dúvidas: Mário Centeno quando for governador do Banco de Portugal não vai fazer favores ou fretes ao Governo. Com a sua maneira de ser e a sua personalidade, não vai. Ao contrário, acho que vai ser o verdadeiro ministro sombra. Coitado do ministro das Finanças que o venha a substituir. Esse é que vai ter uma vida que não será fácil”, sublinhou Marques Mendes.

Mário Centeno quando for governador do Banco de Portugal não vai fazer favores ou fretes ao Governo. Ao contrário, vai ser o verdadeiro ministro sombra. Coitado do ministro das Finanças que o venha a substituir.

Marques Mendes

Na avaliação do antigo líder do PSD, a saída de Mário Centeno do Executivo vai ser um dos “cinco problemas que António Costa vai enfrentar” brevemente e que o vão “desgastar”. A saber “a saída de Centeno vai ser um rombo grande na credibilidade e eficácia do Governo”, no Orçamento para 2021 “provavelmente vão colocar-se os mesmos problemas do Orçamento deste ano: o OE passa mas cria desgaste”. Em terceiro surge “a presidência portuguesa da União Europeia, no primeiro semestre do próximo ano”, “vai ser um sucesso lá fora mas vai introduzir desgaste interno”. Depois as “eleições autárquicas e, mais para o fim do mandato a sucessão de António Costa no Partido Socialista, que também vai dar pano para mangas em termos de desgaste”.

“Por toda esta evolução, não acho nada impossível, até acho bastante provável que, se as eleições forem no fim da legislatura, em 2023, ou seja se não forem antecipadas e não houver previamente uma crise política, o PSD pode ter grandes hipóteses de ganhar as próximas eleições”, defende Marques Mendes.

Para já as sondagens dão uma descida “forte” do PS de 36% que teve nas eleições para 33%, “em poucos meses”, porque “António Costa cometeu um enorme erro quando formou o Governo”, porque este é um Executivo “formalmente novo, mas é velho, com as mesmas caras do passado”. O chefe de Governo deveria ter optado por retirar as figuras mais “desgastadas” e, “mais mês menos mês, quando fizer a remodelação já vai ser tarde”, vaticina Marques Mendes.

Outras das razões subjacentes à queda do PS nas sondagens “é a falta de causas”. “Este Governo não tem causas novas, parece um Governo de gestão corrente, de navegação à vista”, defende o advogado. E se o problema já se coloca no final da legislatura passada, persiste na nova e “sem causas não se mobiliza” o eleitorado. Finalmente, o comentador considera que “o ciclo político de António Costa já está em escala descendente”, porque “os ciclos políticos em Portugal são cada vez mais curtos”. “Já estamos no princípio do fim do ciclo político de António Costa”, concluiu.

Coronavírus demonstra necessidade de revisão cirúrgica da Constituição

Marques Mendes defende uma “revisão cirúrgica da Constituição” para casos excecionais de saúde pública, isto porque em Portugal, a quarentena não é obrigatória, mas apenas opcional.

Elogiando os portugueses que foram retirados da China e que aceitaram voluntariamente ficar durante 14 dias de quarentena, para garantir que não estavam infetados com coronavírus, o comentador defendeu que “os partidos deveriam aproveitar” a oportunidade para o fazer agora.

“Poderá haver uma crise mais tarde e uma pessoa ou outra não aceite ficar de quarentena”, alertou. Por isso, “não era mau que os partidos pensassem, ultrapassada esta fase, fazer uma revisão cirúrgica da Constituição, porque em casos excecionais de saúde pública evidentemente o internamento obrigatório não pode deixar de existir e temos uma falha na nossa legislação, segundo diz a maior parte dos Constitucionalistas”, rematou.

(Notícia atualizada)

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