Corte recorde na produção de petróleo não chega. Efeito Covid-19 penaliza preços

Produtores vão diminuir a oferta de matéria-prima no mercado, mas não o suficiente para fazer face ao forte impacto que a pandemia está a ter do lado da procura.

Os maiores produtores de petróleo do mundo chegaram, este fim de semana, a um acordo para reduzir de forma nunca vista a produção da matéria-prima. No entanto, o mega corte não é suficiente para impedir que a Covid-19 deixe o mercado inundado de petróleo e os investidores estão a espelhar essa situação.

Após uma reação rápida de entusiasmo, os preços do petróleo inverteram a tendência do início da sessão e seguem em queda. O Brent negociado em Londres perde 1,84% para 31 dólares por barril, enquanto o crude WTI norte-americano segue na linha de água a negociar próximo de 22,80 dólares.

“Mesmo que estes cortes criem um fundo para os preços, não têm capacidade de impulsionar os preços dada a escala da acumulação de inventários que ainda existe“, diz o analista Virendra Chauhan, da Energy Aspects, à Reuters.

Há atualmente cerca de 80 milhões de barris estacionados em petroleiros no mar porque não são vendidos, de acordo com dados recolhidos pela agência junto de fontes da indústria. O valor aproxima-se do máximo histórico de 100 milhões de barris atingido em 2009 e levantou dúvidas sobre a possibilidade de o preço do petróleo chegar mesmo a zero.

Em causa está o impacto do coronavírus na procura por combustíveis, que tem caído a pique e deverá chegar a cerca de 30 milhões de barris por dia, levando os produtores a realinharem a estratégia. Após uma maratona de negociações por videoconferência, o grupo conhecido como OPEP+, chegou a um acordo para um corte recorde na produção.

Este grupo, que inclui 23 países, dos quais os 13 são os membros da OPEP, vai cortar a produção em 9,7 milhões de barris por dia, ligeiramente abaixo dos dez milhões de barris propostos inicialmente.

Um dos entraves era o México, que considerou excessivo o esforço exigido em comparação com outros países, mas as negociações acabaram por ser desbloqueados com os Estados Unidos da América a concordarem em ajudar a alcançar a quota mexicana de redução.

Os EUA, o Brasil e o Canadá, países do G20, também vão contribuir para objetivo global com um corte adicional de 3,7 milhões de barris por dia. Mas poderá não ser suficiente. “A ausência de um compromisso mais forte por parte dos EUA ou de outros países do G20 é uma lacuna do acordo“, considera Chauhan.

O corte anunciado representa um décimo do fornecimento global, segundo responsáveis do setor de vários países que participaram nas negociações, tratando-se de um acordo sem precedentes. Está agendada uma nova reunião para 10 de junho, também por videoconferência, para decidir medidas adicionais, tanto quanto for necessário para equilibrar o mercado.

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