Seguradoras globais atoladas em projeto de areias betuminosas no Canadá

  • ECO Seguros
  • 14 Maio 2020

Informação divulgada pelo regulador da Energia revela uma extensa lista de seguradoras que mantêm presença num dos mais controversos projetos de areias betuminosas.

A apólice de seguro do projeto de expansão do Trans Mountain, um polémico oleoduto que transporta combustível fóssil extraído de areias betuminosas e que atravessa parte do Canadá, foi publicada nos últimos dias de abril pela entidade reguladora da Energia.

O certificado revela detalhes do contrato de seguro que expira no final de agosto de 2020 envolvendo, entre outras, companhias globais como Zurich, Munich Re, entidades do Lloyd´s of London, Chubb e Marsh. As primeiras três seguradoras subscreveram mais de 500 milhões de dólares em coberturas de responsabilidade civil associada ao projeto de areias de elevado teor em carbono. O oleoduto já vai na sua quarta fase de construção e tem justificado polémica por conflituar, ambiental e socialmente, com vastas zonas florestais e comunidades indígenas.

Ato contínuo à divulgação da informação oficial a 24 de abril, a Unfriend Coal, rede global de organizações não-governamentais (ONG) e outros movimentos de ativismo social, apelou às seguradoras para que desinvistam, de vez, dos combustíveis fósseis.

O documento divulgado pelo organismo canadiano identifica sindicatos do mercado Lloyd’s que subscreveram 460 milhões de dólares para o pipeline Trans Mountain. As seguradoras do Lloyd’s são responsáveis individuais por coberturas totalizando de 50 milhões de dólares de cobertura, subscrevendo o restante em conjunto com outras seguradoras.

A Zurich, que tinha uma apólice anterior (por 8 milhões de dólares), aumentou a sua exposição ao oleoduto, revela um dos inúmeros Certificate of Liability Insurance a que é possível aceder na página da Entidade Reguladora da Energia (Canada Energy Regulator). Além da apólice referida, a Zurich duplicou a cobertura que fornece conjuntamente com outras seguradoras por um total de 300 milhões de dólares desde 2019.

A Munich Re – outra das instituições visadas pela plataforma ativista que combate a exploração dos combustíveis fósseis com pesada pegada de carbono – continua a dar cobertura ao gigantesco projeto Trans Mountain através da filial canadiana (Temple Insurance), apontada como a terceira maior seguradora do controverso oleoduto.

Além das três companhias europeias denunciadas pela ONG, a Chubb e outras são identificadas no certificado assinado pela Jardine Lloyd Thompson (atualmente integrada no grupo Marsh) como tendo interesses ligados ao projeto. Aliás, os ficheiros acessíveis no sítio do regulador canadiano mostram que o número de seguradoras e corretoras com contratos no projeto é bastante mais extenso, incluindo ainda a Liberty Mutual, a AIG Canada, Aon, Willis Towers Watson, entre outras.

A Unfriend Coal condena a conduta destas companhias, algumas das quais subscreveram o Compromisso de Paris, “mas ainda prosseguem atividades que alimentam a crise climática”, denuncia Lindsay Keenan, coordenadora europeia da Unfriend Coal.

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