Pandemia dá espaço a novos (e velhos) riscos nos negócios

  • ECO Seguros
  • 2 Setembro 2020

O estudo anual da AON já fala nas consequências políticas, sociais e geopolíticas da crise, alerta para os terrorismos e para um aumento das tensões internas nas sociedades de países ocidentais.

A pandemia da Covid-19, assim como as medidas de confinamento adotadas para travá-la, vieram aumentar os riscos em geral que as empresas enfrentam, incluindo riscos políticos e de terrorismo, avança o estudo anual da Aon, Risk Maps 2020. As empresas devem olhar para as novas ameaças e tê-las em conta para as suas operações e planos futuros.

Carlos Freire, deputy CEO da Aon Portugal: “A pandemia veio despoletar um maior descontentamento das pessoas face às medidas de contenção do vírus adotadas pelos diferentes países”.

O abrandamento da economia e do comércio mundial, fruto das medidas de confinamento para combater a pandemia de Covid-19, estão a agravar os riscos económicos da maioria dos países, em especial os mais desenvolvidos, e a contribuir para o agravamento de tensões geo-políticas um pouco por todo o mundo, revela o Risk Maps 2020, da Aon.

O estudo da multinacional de seguros identifica e analisa anualmente riscos políticos, de terrorismo e de violência política a nível global, e lança alertas às empresas, no sentido de se prepararem para os efeitos destes fenómenos nos seus negócios.

O relatório, que incide sobre 163 países, dá conta dos diferentes tipos de efeitos da Covid-19 sobre o panorama socio-económico e o agravamento de tensões políticas e sociais, avançando que três em cada cinco países desenvolvidos enfrentam riscos de episódios de desordem pública.

Carlos Freire, deputy CEO da Aon Portugal, considera que este é um cenário “preocupante” e lembra que “uma maior ocorrência deste tipo de fenómenos traz não só uma maior instabilidade social e política, como também um impacto negativo na atividade das empresas, refletido em repetidas interrupções nas cadeias de distribuição, redução da produtividade, destruição e roubos de espaços e recursos, e até perdas nas receitas”.

A pandemia, acrescenta, é mais uma “agravante”, dado que acabou por gerar “maior descontentamento das pessoas face às medidas de contenção do vírus adotadas pelos diferentes países”.

Em países muito dependentes do turismo ou comércio, por exemplo, os efeitos do confinamento sobre a atividade económica foram mais pronunciados, pelo que estes Estados estão sujeitos a maior probabilidade de enfrentar protestos e confrontos civis contra órgãos governamentais – riscos estes que já existiam, em muitos casos, antes da pandemia. Os países onde o número de vítimas mortais da doença é elevado, também poderão sofrer mais tensões sociais, avança o Estudo.

“A pandemia veio despoletar um maior descontentamento das pessoas face às medidas de contenção do vírus adotadas pelos diferentes países”, reforça Carlos Freire, que dá ainda conta dos riscos de terrorismo agravados face ao ano passado e em relação aos quais as empresas devem estar preparadas.

Apoio de empresas a causas disruptivas gera hostilidade a estas

“As multinacionais, em particular as empresas dos setores tecnológico, bancário, financeiro e mediático, têm sido alvo de mensagens hostis criadas por militantes da extrema-direita, sobretudo pelo apoio destas organizações a causas disruptivas (como as alterações climáticas ou a comunidade LGBTQ+), ou pelo seu combate ao discurso de ódio que tem proliferado nos últimos anos”, lembra o deputy CEO da Aon Portugal.

De acordo com o Risk Maps 2020, um factor que as empresas devem ter em linha de conta é o aumento dos ataques terroristas organizados por militantes da extrema-direita, sobretudo em países do Ocidente, e extremistas islâmicos, particularmente no Médio Oriente, Ásia e África, mas não só.

O documento lembra que os ataques terroristas de grupos de extrema-direita e extremistas duplicaram desde 2016, e que ainda que no Ocidente tenham vindo a baixar, as tensões sociais podem criar espaço para que se agravem. O documento cita os casos dos EUA, Alemanha e Franca, os três países que em 2019 sofreram mais ataques terroristas (3%, 17% e 8% do total de episódios, respetivamente).

O recurso a drones como ‘armas’ de ataques terroristas é um dos fatores que deve ser tido em conta, depois de, no ano passado, nove dos maiores aeroportos do mundo terem sofrido incidentes com drones, tendo como consequência a não realização de voos. Em causa estão os aeroportos de Boston Logan, Dubai, Frankfurt, Gatwick, Heathrow, Milão Malpensa, Muscat, Newark e Singapura.

Os drones, lembra o documento, foram de resto igualmente usados para ataques contra uma infra-estrutura petrolífera na Arábia Saudita, em setembro do ano passado.

Riscos políticos: Restrições comerciais, controlo da moeda e interferência de governos

Do ponto de vista político, entre os elementos que podem afetar o negócio das empresas – levando-as a repensar a atividade, incluindo os seus seguros – estão as restrições comerciais impostas por alguns Estados, que colocam um travão à globalização da economia, os riscos de interferência política e de controlo de moeda.

No caso das restrições comerciais, o documento aponta para os efeitos que já se fazem sentir em algumas economias, e no caso da interferência política avança com expropriações que possam vir ou que já tenham ocorrido nalguns países. As expropriações “afastam potenciais investidores privados”, lembra a Aon.

o controlo da moeda, ou seja, a sua imprevisibilidade, gera incerteza em relação a receitas e custos, o que afeta não apenas a atividade de empresas, mas as decisões de investimento ou desinvestimento.

O estudo da Aon dá conta dos países mais expostos aos diferentes riscos, sendo que Portugal é um dos mais seguros da Europa em termos de risco, a par da Finlândia, Irlanda e Holanda. Em contrapartida, França, Grécia e Polónia são dos países europeus com maior nível de exposição ao risco de terrorismo.

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