Portugal propõe início da vacinação em simultâneo na UE, a 4 ou 5 de janeiro

O primeiro-ministro português propôs aos líderes dos restantes 26 Estados-membros que o arranque da operação de vacinação contra a Covid-19 se dê no mesmo dia, a 4 ou 5 de janeiro.

O primeiro-ministro português defendeu no Conselho Europeu que a vacinação contra a Covid-19 deve começar no mesmo dia em todos os Estados-membros, eventualmente a 4 ou a 5 de janeiro de 2021. Em declarações a partir de Bruxelas, transmitidas pelas televisões, o chefe do Governo disse que o arranque simultâneo desta operação “é uma meta com que todos nos devemos comprometer”.

Já era pública a intenção da Comissão Europeia de disponibilizar as primeiras doses de vacinas contra a Covid-19 no mesmo dia para todos os Estados-membros. Mas, agora, António Costa defende também que o próprio início da vacinação deve começar em simultâneo em todos os países do bloco. Uma forma simbólica de “aproximar a Comissão Europeia dos cidadãos”, disse.

Costa explicou que a Agência Europeia do Medicamento tem reunião marcada para 29 de dezembro, onde deverá dar aprovação à vacina desenvolvida pelo consórcio BioNTech e Pfizer. “A companhia assegura que, a partir do momento em que tenha a licença, conseguirá colocar a vacina nos diferentes países no dia seguinte”, afirmou o governante. A agência está ainda a analisar os resultados dos ensaios clínicos da vacina da Moderna.

Questionado sobre qual seria a data mais conveniente para o arranque simultâneo da vacinação, António Costa remeteu para os primeiros dias úteis de janeiro: “Dia 29 mete-se a passagem de ano, dia de ano novo… primeiro dia útil é dia 4, dia 5 é o segundo dia útil… vamos coordenar para que tentemos fazer todos no mesmo dia”, calculou. Isto é, a primeira segunda-feira ou terça-feira de 2021.

Sobre este tema, por fim, António Costa disse que “o esquema de distribuição está devidamente articulado com as companhias que produzem as vacinas” e “toda a cadeia logística está identificada” e “desenhada”. “No nosso caso concreto, as Forças Armadas desempenharão um papel crucial para garantir que, conforma as vacinas forem chegando, vão sendo devidamente administradas, para assegurar tão rapidamente quanto possível a imunidade de grupo” dos cidadãos.

“Meses pela frente vão ser ainda muito penosos”

O primeiro-ministro não escondeu o “entusiasmo” com a descoberta das primeiras vacinas eficazes contra o novo coronavírus e com o desbloqueio do impasse em torno dos fundos comunitários, nomeadamente do Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros para fazer face ao impacto da crise que se gerou.

“Aquilo que todos estamos a precisar é de ter instrumentos para enfrentar esta crise e hoje é credível que a ciência conseguiu desenvolver uma vacina e que a indústria vai poder começar a disponibilizar essa vacina no início do ano”, disse António Costa.

Além disso, o primeiro-ministro de Portugal recordou que é também necessário “combater a dimensão económica e social desta pandemia”. “Para isso, é fundamental dispormos deste Programa de Recuperação e Resiliência, de não haver qualquer interrupção entre o Portugal 2020 e o Portugal 2030, e que na UE não tivesse de paralisar a sua atividade a partir e janeiro”, apontou.

Na quinta-feira, foi confirmado oficialmente o acordo que desbloqueou o impasse sobre os fundos europeus, provocado pela ameaça de veto da Polónia e da Hungria.

Mesmo assim, avisou: “Os meses que estão pela frente vão ser ainda muito penosos, mas existe luz ao fundo do túnel e o túnel é possível de ser percorrido e vencido.”

Portugal tem “vantagem competitiva” na descarbonização

No rescaldo do acordo assumido pelos líderes europeus para o corte em 55% das emissões de dióxido de carbono até 2030, António Costa lembrou ainda que Portugal está mais bem posicionado do que os pares para atingir as metas climáticas da UE.

“O ponto de partida para a adaptação climática é diferente, os recursos naturais e a história são diferentes. Portugal é o país que está em melhores condições para alcançar estas metas, porque foi dos que mais cedo começou a investir nas energias renováveis, o que na altura suscitou muitas críticas”, apontou. Lembrou, assim, que 54% da energia consumida pelo país já tem origem em fontes sustentáveis e disse ainda que o país tem “recursos naturais muito importantes” para poder ser “o campeão das renováveis”.

“É uma vantagem competitiva muito grande que temos”, disse António Costa, sublinhando que os países europeus não partem “todos do mesmo ponto de partida”, porque as condições “não são as mesmas”. “Houve um trabalho negocial muito profundo ao longo da noite para permitir que houvesse este acordo”, disse.

(Notícia atualizada pela última vez às 10h49)

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