Miguel Frasquilho abdica de aumento no salário de administrador da TAP
O presidente do conselho de administração da TAP tinha sido aumentado em 1.500 euros devido a novas funções assumidas. No entanto, decidiu rejeitar a revisão salarial.
Miguel Frasquilho vai abdicar do aumento no salário como administrador da TAP. Como o ECO avançou esta segunda-feira, três administradores viram as remunerações serem revistas em alta dias antes da entrega do plano de reestruturação da empresa em Bruxelas. A situação gerou indignação entre sindicatos e partidos, sendo que PSD e BE já pediram ao Governo que, na posição de acionista, obrigue a comissão de rendimentos a voltar atrás.
O gestor explica que foi eleito presidente do Conselho de Administração da TAP S.A., e da Portugália a 28 de outubro, sucedendo a Humberto Pedrosa e que, nessa altura, sem qualquer intervenção sua, ganhou as mesmas condições remuneratórias do antecessor. “Não houve, assim, qualquer acréscimo de custos para a TAP por força da minha assunção destas funções”, começa por defender, em comunicado.
“Todavia, porque quero estar a participar nas conversações e negociações que serão fundamentais para o futuro da TAP de forma absolutamente tranquila e sem qualquer mediatismo associado que possa prejudicar a nossa companhia de bandeira, informo que abdiquei dessas condições com efeitos à data de 28 de outubro“, diz Frasquilho. “Continuo totalmente comprometido com o mais importante: assegurar o futuro e a sustentabilidade da TAP, em benefício de Portugal”.
A Comissão de Vencimentos da TAP decidiu em outubro atualizar os salários de três administradores face a novas funções assumidas aquando da reorganização acionista. Apesar de o Governo não estar representado na comissão, o ECO sabe que foi o próprio Executivo a avançar com este salário quando propôs que Ramiro Sequeira acumulasse as funções de CEO interino com as que já tinha de COO.
Com a passagem a CEO interino da TAP, o salário de Ramiro Sequeira passou para 35 mil euros brutos por mês (dos anteriores 17 mil que ganhava enquanto chief operating officer). O CEO interino não foi o único a ver o salário revisto face às novas funções.
Miguel Frasquilho, presidente do conselho de administração da TAP SA e da TAP SGPS, passou a ganhar 13,5 mil euros brutos por mês (14 vezes ao ano) face aos anteriores 12 mil euros. Neste caso, a revisão estará relacionada com novas funções assumidas na Portugália e na TAP SGPS, devido à saída de Humberto Pedrosa. É desta diferença que agora abdica.
“Mais relembro que o Conselho de Administração por mim liderado tem dado sempre o exemplo nos cortes salariais que, deste que a terrível pandemia que nos assolou a todos desde o início de 2020, têm existido no Grupo TAP, nomeadamente com reduções salariais mais pronunciadas do que para os restantes trabalhadores. E assim continuará a ser em todos os meses e em todos os anos, enquanto se mantiverem estes cortes”, acrescentou Miguel Frasquilho.
O apoio público à TAP, devido às dificuldades financeiras geradas pelo impacto da pandemia na aviação, levou o Estado a reforçar a posição acionista, ficando com a posição de David Neeleman. O único acionista privado (além dos 5% do capital que estão nas mãos dos trabalhadores) passou a ser Humberto Pedrosa, que é também dono da Barraqueiro. Por uma questão de incompatibilidades, tanto Humberto Pedrosa como o filho David Pedrosa abandonaram o conselho de administração da TAP SGPS, onde eram presidente e administrador, respetivamente.
Com estas saídas, entraram José Silva Rodrigues (não remunerado) e Alexandra Vieira Reis, que já era diretora da TAP e ganhava 14 mil euros mensais (12 mil euros fixos a que acresce um complemento salarial de dois mil euros). A entrada na comissão executiva valeu-lhe uma atualização salarial para os 25 mil euros por mês. Tal como todos os trabalhadores da TAP, estes gestores também serão alvo de um corte salarial no âmbito do plano de reestruturação, que deverá ser na ordem dos 30%.
(Notícia atualizada às 15h30)
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