Presidente da KPMG UK renuncia ao cargo durante investigação interna a comentários controversos

  • Lusa
  • 10 Fevereiro 2021

Bill Michael disse a dois funcionários da KPMG, durante uma reunião virtual, para "deixarem de se queixar" e para “não se fazerem de vítimas".

O presidente da auditora britânica KPMG renunciou ao cargo durante uma investigação interna aos comentários que fez pedindo ao pessoal para “parar de se queixar” das condições de trabalho devido à pandemia, foi hoje anunciado.

A controvérsia sobre as declarações do presidente da KPMG, Bill Michael, surgiu na sequência de um artigo do Financial Times publicado na segunda-feira sobre uma reunião virtual da KPMG em que participaram 1.500 empregados para discutir o impacto da pandemia nas condições de trabalho.

Segundo dois funcionários, citados anonimamente pelo Financial Times, Bill Michael pediu aos empregados para “deixarem de se queixar” e para “não se fazerem de vítimas”.

Os funcionários tinham anteriormente partilhado as suas preocupações sobre uma possível descida dos seus salários e bónus, bem como sobre a forma como a KPMG avalia o desempenho, classificando cada indivíduo numa equipa do melhor ao pior.

Um porta-voz da KPMG disse esta quarta-feira que a empresa estava “a levar este assunto muito a sério” e que tinha “aberto uma investigação independente sobre os alegados comentários“.

“Michael decidiu renunciar ao cargo de presidente enquanto a investigação está em curso”, acrescentou ele.

Anteriormente, o líder tinha pedido desculpa. “Lamento as palavras que usei, que não refletem aquilo em que acredito, e pedi desculpa aos meus colegas”, disse Michael numa declaração enviada hoje à AFP.

Cuidar do bem-estar do nosso pessoal e criar uma cultura onde todos possam florescer é da maior importância para mim e está no centro de tudo o que fazemos como empresa”, acrescentou.

O incidente ocorreu depois da publicação na semana passada dos resultados anuais da empresa de auditoria britânica (concluídos no final de setembro), que mostraram que os seus 582 associados viram os seus salários baixar 11%, para uma média de 572.000 libras ao longo do ano, um movimento que o grupo disse ter sido concebido para poupar dinheiro e proteger empregos.

O salário de Michael caiu 14% para 1,7 milhões de libras.

O volume de negócios da firma no Reino Unido, que emprega quase 16.000 pessoas no país, caiu 4% para 2,3 mil milhões de libras.

A KPMG é, juntamente com a PwC, EY e Deloitte, uma das quatro grandes firmas que dominam o mercado de auditoria e são apelidadas de “As Quatro Grandes”.

Mas a reputação do setor tem sido manchada no Reino Unido por uma série de escândalos contabilísticos nos últimos anos, levando a propostas de reforma para criar mais concorrência e evitar conflitos de interesses.

 

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