Em Portugal os casos encolhem, mas na Europa há países que estão a ver a Covid ganhar força

Com a variante britânica a circular pela Europa e os casos a aumentarem, a expectativa de os países começarem a desconfinar vai-se esmorecendo.

Portugal tem tido uma evolução positiva da pandemia de Covid-19. O mesmo não se pode dizer dos restantes membros da União Europeia (UE). A variante britânica tem viajado pela Europa, fazendo com que alguns países voltassem atrás nos seus planos para desconfinar depois de verem um novo aumento dos casos.

Se entre 17 de janeiro e 6 de fevereiro deste ano, Portugal foi o país dos 27 Estados-membros com o maior número médio de casos por 100.000 habitantes nos últimos sete dias (tendo atingindo o pico a 28 de janeiro com 1.264 casos por 100.000 habitantes), segundo os dados do site da Universidade de Oxford, Our World in Data, agora ocupa uma posição muito baixa. A 25 de fevereiro era um dos 4 melhores países, com 124,93 casos por 100.000 habitantes. Uma redução significativa, mas não acompanhada pelo resto da Europa.

Em sentido inverso estão vários países europeus. Uns com aumentos de casos bastante acentuados, como a República Checa (o pior país da UE segundo os dados de 25 de fevereiro), Estónia ou a Hungria. Outros, com aumentos mais ligeiros, como a Alemanha, Bélgica ou França. Todos culpam, em parte, um fator: a circulação da variante britânica.

Com a variante britânica a circular pela Europa e os casos a aumentarem, torna-se assim mais arriscado avançar para o desconfinamento em Portugal. E também nos outros países que, como a Alemanha, decidiram não arriscar.

República Checa

Desde que Portugal deixou de ser o país da Europa com mais casos, a República Checa ocupou o seu lugar. A 10 de fevereiro, o país tinha, em média, nos últimos sete dias, 690,45 casos por 100.000 habitantes e a 25 de fevereiro 999,37 – o país, não só da UE, como do mundo, com mais casos por 100.000 habitantes.

A República Checa deverá apertar medidas para combater a pandemia e prevenir uma “catástrofe” nos hospitais, revelou na passada quarta-feira o primeiro-ministro Andrej Babis. Os hospitais atingiram o maior número de internamentos desde o início da pandemia e Babis avisou: “Aguardam-nos dias infernais”. O país está em confinamento desde outubro.

Estónia

A seguir à República Checa, a Estónia é o país da UE com mais casos por 100.000 habitantes nos últimos sete dias (de acordo com os dados de 25 de fevereiro). De 424,52 casos por 100.000 habitantes a 10 de fevereiro, passou para 681,90 a 25. No entanto, de acordo com os dados recolhidos pela agência Reuters, não há nenhum confinamento rigoroso imposto no país, no mínimo não da mesma forma que o conhecemos.

As escolas são recomendadas a estar fechadas e alguns setores económicos fecharam, porém não há dever de recolhimento domiciliário. Com os casos a aumentarem praticamente todos os dias desde 21 de fevereiro, ainda não há informações sobre se as medidas serão, ou não, apertadas.

Hungria

A Hungria pode ter de apertar ainda mais as restrições, já que o número de infetados deve aumentar “drasticamente” nas próximas duas semanas, disse na passada sexta-feira o primeiro-ministro Viktor Orban. O confinamento, que acabava esta segunda-feira, já foi alargado até 15 de março.

A 10 de fevereiro a Hungria tinha, em média, nos últimos sete dias, 143,10 casos por 100.000 habitantes e a 25 de fevereiro 303,02, mais do dobro.

Alemanha

A 10 de fevereiro a Alemanha tinha 100,25 casos por 100.000 habitantes e a 25 de fevereiro 93,54. Se houve uma redução? Sim. O problema é que o país conseguiu reduzir esta taxa para 85,37 a 14 de fevereiro e, desde então, tem sido (quase) sempre a subir. Apesar do aumento não ser substancial, foi o suficiente para a chanceler alemã ter receio de avançar com o desconfinamento e ter arrasado as expectativas dos alemães.

Angela Merkel e os líderes estatais decidiram que a reabertura será feita apenas quando o país atingir menos de 35 novos casos por 100.000 habitantes.

Bélgica

O mesmo acontece na Bélgica, onde o governo pediu mais uma semana (até à próxima sexta-feira) para analisar o levantamento de restrições por causa do aumento de novos casos, provavelmente derivado, em grande parte, à variante britânica de rápida propagação. “Os números estão a aumentar em todo o lado. Obriga-nos a permanecer extremamente cuidadosos, especialmente porque sabemos que existem variantes tão perigosas”, disse o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, acrescentando que o adiamento serve para “evitar tomar decisões que desperdiçam os ganhos das últimas semanas”.

Analisando o mesmo período temporal (10 a 25 de fevereiro), o país tinha, em média dos últimos sete dias, 179,42 casos por 100.000 habitantes, tendo atingido os 158,65 casos dia 16 e, a 25, encontrava-se já com 216,73 casos por 100.000 habitantes.

França

O país governado por Jean Castex registava, a 10 de fevereiro 295,1 casos por 100.000 habitantes e a 25 do mesmo mês 328,29. Foram 15 dias de altos e baixos, pois o país chegou a registar um valor de 341,19 a 11 de fevereiro e, o mínimo, 281,17 a 14 de fevereiro, mas sempre com oscilações. Porém, tem vindo sempre a aumentar desde 17 de fevereiro.

Apesar de não ter imposto um segundo confinamento com a nova vaga de casos, o governo francês decretou recolher obrigatório em outubro, em algumas cidades, mas rapidamente alargou-se a todo o país e tem estado em vigor desde então. No entanto, agora está na mira um novo confinamento devido ao aumento de casos. Aliás, em Nice e Dunkirk, já houve confinamentos ao fim de semana e Paris propôs recentemente um confinamento de três semanas.

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