Ainda sem salários, trabalhadores da Groundforce manifestam-se no Parlamento

O impasse entre o acionista da empresa de handling e o ministério de Pedro Nuno Santos continua. Funcionários já receberam parte dos rendimentos de fevereiro, mas ainda têm outra parte a receber.

Os trabalhadores da Groundforce preparam-se para o quarto dia de manifestações para reclamarem os salários de fevereiro que não foram pagos. Desta vez, vão rumar à Assembleia da República, onde irão também encontrar-se com PCP e PAN. As negociações entre o Governo e o acionista privado Alfredo Casimiro ainda não chegaram a acordo para desbloquear o dinheiro que serviria para pagar os salários.

“Depois de mais um dia de luta pelos nossos salários, ganhámos uma batalha, foi transferido parte do salário para as nossas contas, mas falta bem mais do que isso e enquanto não estiver garantido e até ao último cêntimo, não paramos!”, diz a Comissão de Trabalhadores numa comunicação interna a que o ECO teve acesso. Na sexta-feira começaram a ser transferidos 500 euros para as contas dos trabalhadores, vindos de dinheiro que havia ainda em caixa e de apoio do lay-off entretanto recebido.

No entanto, ainda há parte das remunerações em dívida, o que levará os trabalhadores a manifestarem-se esta segunda-feira na Assembleia da República a partir das 11h30. “O Estado português tem, para além de ser acionista, a responsabilidade social nesta questão e o dever de salvaguardar os direitos dos trabalhadores“, defende a CT, considerando “absolutamente inadmissível que os trabalhadores estejam a ser alvo de um jogo de força entre o acionista privado vs Estado”.

A equipa do ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos tem-se reunido com o acionista e presidente do conselho de administração Alfredo Casimiro para tentar desbloquear um adiantamento por serviços a prestar à TAP e assim pagar os salários referentes a fevereiro que estão em atraso. Nos últimos dias da semana passada, um acordo já parecia próximo, mas acabou por não acontecer e as duas partes têm versões complementarmente contraditórias do que está a acontecer.

A TAP — que é simultaneamente cliente e acionista (com 49,9%) da Groundforce — já deu 12,3 milhões de euros em adiantamentos de serviços para garantir a liquidez da empresa, mas também em dificuldades quis deixar de o fazer. O dono da Pasogal, de detém 50,1% do capital da Groundforce, não teve como pagar salários e pediu mais um adiantamento, tendo a TAP pedido, em contrapartida, uma penhora da participação do empresário.

Casimiro, que inicialmente não quis aceitar dar as ações como garantia para um novo empréstimo da TAP à Groundforce, acabou por aceitar dar os títulos como penhor. Mas à última hora exigiu que, caso a TAP executasse essa garantia, mantivesse a gestão da empresa, mesmo sendo minoritário no capital. A TAP e o Governo recusaram essa hipótese e disseram só aceitar adiantar mais dinheiro à empresa de handling se Casimiro aceitasse (sem condições) dar as ações como garantia.

Previa também um plano de pagamentos a começar quando a Groundforce receba um financiamento bancário de 30 milhões de euros (que está à espera de garantia do Estado para avançar). Após novas negociações o acionista anunciou ter aceitado os pedidos de Pedro Nuno Santos. Mas o ECO sabe que o empresário levou novas condições relacionados com montantes e com datas de pagamento, mantendo-se assim o impasse.

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