Fed vê economia dos EUA a crescer 6,5% este ano, o ritmo mais rápido desde os anos 70

A instituição liderada por Jerome Powell reviu em alta as projeções para a economia norte-americana. Deverá manter os juros próximos de zero até 2023 e continuar a comprar dívida.

A economia norte-americana poderá crescer este ano ao ritmo mais elevado desde os anos 70, no rescaldo da pandemia. A Reserva Federal norte-americana reviu esta quarta-feira em alta as projeções para o produto interno bruto (PIB), enquanto atualizou o outlook para os instrumentos de política monetária. Os juros deverão manter-se próximos de zero até 2023 e a compra de dívida continuará a ser reforçada.

O banco central liderado por Jerome Powell antecipa um crescimento de 6,5% do PIB dos EUA em 2021, o que compara com 4,2% estimados anteriormente. Para 2022, a projeção subiu em 0,1 pontos percentuais para 3,3%, enquanto para 2023, a revisão foi em ligeira baixa, para 2,2%. No que diz respeito à inflação — cuja expetativa de aceleração tem sido uma preocupação e alimentado a subida das yields —, a Fed espera agora que ultrapasse a meta dos 2% este ano, tocando 2,4%. Powell considera, no entanto, que é uma tendência “transitória” e antecipa desaceleração no próximo ano.

“A pandemia de Covid-19 está a causar tremendas dificuldades humanas e económicas nos Estados Unidos e por todo o mundo. Após uma moderação no ritmo da recuperação, os indicadores de atividade económica e emprego inverteram em alta recentemente, apesar de os setores mais negativamente afetados continuarem fracos”, diz a Fed em comunicado.

Esta é a primeira revisão das projeções económicas da Fed feita este ano e incorpora desenvolvimentos como a vacinação contra a Covid-19 ou a aprovação de dois pacotes de estímulos orçamentais num total de 2,8 biliões de dólares. “O caminho da economia irá depender significativamente do curso do vírus, incluindo progressos na vacinação. A contínua crise de saúde pública pesa na atividade económica, emprego e inflação e acarreta riscos consideráveis para o outlook económico“, alerta o comité de política monetária.

Banqueiros centrais querem subir juros mais rápido

As melhorias nas expetativas da Fed para a economia não levaram a nenhuma alteração nos instrumentos de política monetária. Os juros de referência irão manter-se inalterados num intervalo entre 0% e 0,25% e o guidance aponta para que assim continuem até 2023. A decisão de não fazer alterações foi unânime, mas as expetativas futuras alteraram-se.

Sete dos 18 membros do comité esperam agora uma subida dos juros em 2023 (mais dois do que em dezembro). Quatro esperam que o movimento aconteça ainda em 2021, sendo que em dezembro nenhum tinha essa expetativa. Na conferência de imprensa que se seguiu, Powell sublinhou que “no que diz respeito a taxas de juro, continuamos a considerar os níveis atuais apropriados“.

Em simultâneo, a Fed vai continuar a comprar 80 mil milhões de dólares em dívida pública e outros 40 mil milhões em títulos garantidos por hipotecas até que haja um “avanço substancial” nos progressos para o duplo mandato de máximo emprego e estabilidade de preços. O presidente defende que a conjugação de baixos juros com compra de dívida tem sido fundamental para apoiar as condições de financiamento e a economia, garantindo que continuarão a fazê-lo.

“O nosso guidance para as taxas de juro, a par da nossa orientação quanto à folha de balanço, irá garantir que a política monetária permaneça altamente acomodatícia à medida que a recuperação avança”, diz Powell. “De modo geral, os nossos instrumentos estão a dar um poderoso apoio à economia e continuarão a fazê-lo. Estamos empenhados em usar todo o nosso leque de ferramentas para apoiar a economia e ajudar a garantir que a recuperação deste período difícil é o mais robusta possível“.

(Notícia atualizada às 19h00)

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