Há grandes vencedores dos Óscares 2021 mas quase ninguém viu os filmes

Dos filmes nomeados, apenas um se encontra em exibição nas salas nacionais. No dia de estreia, o "Nomadland – Sobreviver na América” vendeu "quase dois mil bilhetes" na NOS Cinemas.

Este ano é atípico em tudo, incluindo para a mundialmente conhecida Cerimónia dos Óscares. Em primeiro lugar, porque foi adiada dois meses, tendo sido remarcada para este domingo, 25 de abril. E depois porque poucos foram aqueles que tiveram a possibilidade de assistir aos filmes que se encontram nomeados no cinema. Pelo menos em Portugal, foi assim.

Com as restrições que foram impostas pelo Governo para conter a propagação da Covid-19, as salas de cinema foram obrigadas a fechar a meados de janeiro, tendo assim permanecido até esta segunda-feira. Por essa razão, apenas um dos filmes nomeados para a estatueta dourada já estreou em solo nacional — “Nomadland – Sobreviver na América”. Como esclarece ao ECO António Paulo Santos, diretor da FEVIP (Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais), os “restantes filmes nomeados” só começam a estrear a partir desta semana.

Assim, os portugueses não tiveram, até ao momento, qualquer hipótese de ver nas salas de cinema os filmes “O Pai”, “Minari”, “Uma Miúda Com Potencial”, que estão ainda por estrear. O mesmo acontece com “Judas e o Messias Negro” e “O Som do Metal”. Já o “Mank” e “Os 7 de Chicago” são da Netflix e não vão estrear em salas de cinema.

É fácil concluir que não foram assim tantos os portugueses que conseguiram assistir aos filmes nomeados para os Óscares nas salas de cinemas. Nuno Aguiar, diretor da NOS Cinemas, revelou que o “Nomadland – Sobreviver na América” contou apenas com “quase dois mil bilhetes vendidos” no dia de estreia, de acordo com a informação que tinha disponível no momento em que falou com o ECO. Já Ramón Biarnés, diretor executivo do Sul da Europa da UCI Cinemas e responsável pelo negócio da empresa em países como Portugal, refere que “ainda não existem números” que permitam fazer o balanço da assistência a este filme nas salas UCI.

Neste regresso ao cinema, os filmes “Nomadland, – Sobreviver na América” e “Mortal Kombat” têm sido, ainda assim os mais procurados pelos portugueses, de acordo com as fontes da NOS Cinemas, da UCI Cinemas e da FEVIP consultadas pelo ECO. São estes “os dois grandes títulos desta reabertura das salas de cinema”, havendo perspetivas “positivas” para a sua exibição, revela Nuno Aguiar, diretor da NOS Cinemas. António Paulo Santos, diretor da FEVIP, arrisca-se ainda a dizer que o filme “Raya e o Último Dragão” fecha este pódio, ainda que de forma “prematura”.

Regresso aos cinemas mais forte que no primeiro desconfinamento

Desde a reabertura, a afluência às salas de cinema nacionais tem sido positiva. Ramón Biarnés, responsável pelo negócio da UCI Cinemas em Portugal, refere que esta “adesão tem sido interessante”, registando-se nomeadamente “números melhores que à data do encerramento em janeiro”, ainda que “muito longe da frequência habitual pré-covid”.

Mas comparando com a anterior reabertura dos cinemas, que ocorreu a 2 de julho, depois de longos meses de encerramento por causa da primeira vaga da pandemia, o regresso das pessoas às salas está a ser agora “bem mais simpático”. Os “crescimentos” são “na ordem dos 200% ou 300% face ao último confinamento”, refere António Paulo Santos, diretor da FEVIP.

Isto porque, nos primeiros três dias do anterior regresso, apenas 5.939 se deslocaram até às salas de cinemas, o que resultou numa receita de apenas 28.214 euros. Aliás, em julho foi preciso mesmo uma semana inteira (12.919 bilhetes) para se superar a adesão agora registada em apenas três dias de reabertura, mostram dados da FEVIP. Efetivamente, entre esta última segunda e quarta-feira, foram vendidas 11.957 entradas nas várias salas dos “cinemas ditos comerciais”, o equivalente a uma faturação de 68.078 euros.

Esta tendência positiva em comparação com a retoma que ocorreu após a primeira vaga da pandemia foi também registada no caso particular da NOS Cinemas. A “afluência às salas de cinema tem sido bastante superior, se compararmos com a altura do primeiro desconfinamento”, revela o diretor da empresa. Entre segunda e terça-feira, foram vendidos nas suas salas “5.500 bilhetes”, o que equivale a “mais do dobro do que se registou nos mesmos dois primeiros dias pós-encerramento em 2020”.

Apesar destes primeiros indícios positivos, os porta-vozes das duas cadeias de cinema contactadas pelo ECO relatam a existência de constrangimentos que afetam o normal funcionamento da sua atividade. As “restrições horárias, que impedem a visita dos clientes às sessões que são, por norma, mais procuradas”, como indica o diretor executivo do Sul da Europa da UCI Cinemas, é um dos principais condicionamentos. Mas também a “restrição de consumo de produtos alimentares nas salas de cinemas”, nas palavras do diretor da NOS Cinemas, “impactam diretamente a afluência de público”.

Depois de um ano de 2020 em que se registou, em Portugal, uma “quebra histórica de cerca de 75,5% em receitas de bilheteira e número de espetadores, comparando com o ano de 2019”, a NOS Cinemas diz estar “confiante” neste regresso e acreditar que “2021 possa ser um ano de recuperação para o setor”, destaca Nuno Aguiar. “Acreditamos que, após vários meses de interrupção, as pessoas estão com saudades de ver os melhores filmes com a qualidade de som e imagem que só existe numa sala de cinema”, remata.

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