Exportações de petróleo de Angola ao nível mais baixo desde 2008

  • Lusa
  • 29 Maio 2021

As exportações de petróleo vão cair em junho para o valor mais baixo desde pelo menos 2008, com 991 mil barris diários, em resultado da falta de investimento no setor e dos poços em declínio.

De acordo com o manifesto das cargas de exportação, obtido pela agência de informação financeira Bloomberg, o segundo maior exportador de petróleo da África subsaariana vai exportar menos de metade do que disse ambicionar quando aderiu à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em 2007.

“O declínio da produção de Angola é o resultado de uma falta de investimento na exploração, mas também do abrandamento da aposta na exploração desses poços em declínio durante os últimos anos”, comentou o analista da consultora WoodMackenzie focado na África subsaariana, Dominic Smith.

“O perfil de produção de longo prazo de Angola vai continuar a cair se o investimento não subir significativamente”, alertou ainda o analista.

A produção de petróleo em Angola caiu de forma notória a partir de 2016, quando as petrolíferas internacionais cortaram drasticamente o investimento na sequência da queda dos preços de 2014, prejudicando principalmente os países onde a operação é mais cara devido às dificuldades técnicas de bombear petróleo das águas ultraprofundas.

A Nigéria continua a ser o maior produtor da África subsaariana, com Angola em segundo lugar desde que ultrapassou a Líbia em guerra, mas com a recuperação do país, a segunda posição de Angola está agora ameaçada, escreve a Bloomberg, notando que a grande maioria da produção destes dois países é para exportação e não para refinação.

Para além da concorrência da Líbia, Angola enfrenta também a ameaça das alterações climáticas, com a Agência Internacional de Energia a defender num relatório deste mês que se os países quiserem cumprir o objetivo de emitir zero dióxido de carbono em 2050, terão de parar já os investimentos nos novos projetos de petróleo e gás.

Um cenário que é uma má notícia para Angola, cujo petróleo representa mais de 90% das exportações, mas também para Moçambique, que aposta nos projetos de gás para garantir a sustentabilidade das finanças públicas e o desenvolvimento económico.

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