OCDE revê em alta crescimento do PIB para 3,7% em 2021

A OCDE reviu em alta o crescimento da economia portuguesa este ano dos 1,7% estimados em dezembro para 3,7%. Em 2022, o PIB acelera para 4,9%, superando o valor pré-crise.

Em dezembro, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou um dos cenários mais pessimistas para a evolução da economia portuguesa em 2021 e 2022. Seis meses depois, com uma parte significativa da população já vacinada e a retoma em andamento, o Economic Outlook de maio revê em forte alta o crescimento do PIB em 2021, de 1,7% para 3,7%, assim como em 2022, de 1,9% para 4,9%. No próximo ano a economia estará recuperada da pandemia.

As novas estimativas da OCDE foram divulgadas esta segunda-feira e mostram um cenário macroeconómico em linha com o do Banco de Portugal, do Fundo Monetário Internacional e do Ministério das Finanças. A Organização antecipa um “reforço” do consumo, acompanhada da “redução gradual” da taxa de poupança, à medida que a situação epidemiológica melhora e as medidas de contenção são retiradas.

Além do consumo interno, a “forte atividade” no setor industrial e a absorção dos fundos europeus irá dar um impulso ao investimento e às exportações. A recuperação será mais “gradual” no caso dos serviços com maior contacto pessoal, como é o caso do turismo, prevendo uma recuperação completa apenas quando a pandemia estiver “totalmente dentro do controlo”. Esta diferença entre indústria e serviços é bastante visível no gráfico da OCDE:

Fonte: Economic Outlook de maio da OCDE.

Contudo, há perigos à vista. A OCDE alerta para a possibilidade de um aumento das falências de empresas, “principalmente quando as moratórias públicas acabarem” (em setembro), o que poderá afetar a capacidade de investimento e, ao mesmo tempo, afetar a capacidade de crédito dos bancos por causa da subida do crédito malparado, o qual já é elevado em termos comparativos com outros países europeus.

Dívida pública acima dos 130% do PIB até 2022

Em relação à política orçamental, a OCDE espera que esta continue expansionista até que a retoma esteja “firmemente em andamento”, mas recomenda que “a ajuda financeira deve focar-se em empresas aflitas que tenham perspetivas viáveis”. Em termos de previsões, a OCDE vê o défice a passar de 5,7% do PIB em 2020 para 4,8% do PIB em 2021, uma redução bem inferior à planeada anteriormente. Em 2022, a Organização espera que o défice se mantenha acima dos 3% (3,4%), a mesma expectativa do Governo (défice de 3,2% em 2022).

Estes défices orçamentais vão continuar a pesar na dívida pública, mas ainda assim haverá uma redução do seu peso no PIB uma vez que a economia cresce significativamente. A previsão da OCDE aponta para uma dívida pública de 133,4% do PIB em 2021, apenas duas décimas abaixo dos 133,6% do PIB registados em 2020, o que contrasta com a expectativa do Governo de reduzir a dívida para os 128% do PIB este ano. Em 2022, a OCDE vê a dívida nos 130,2% do PIB, também bastante acima dos 123% projetados pelo Programa de Estabilidade.

Fonte: Economic Outlook de maio da OCDE.

Taxa de desemprego vai subir antes de descer novamente

Também no que toca ao mercado de trabalho, o qual tem sido “resiliente”, a OCDE está alinhada com as previsões de outras instituições ao antever uma subida da taxa de desemprego para os 7,4% em 2021 e uma redução para os 7% em 2022.

Contudo, a Organização nota que o desemprego aumentou principalmente entre os trabalhadores mais jovens e os que têm menos qualificações, alertando para a necessidade dos serviços públicos de emprego (no caso de Portugal, o IEFP) reforçarem a formação e a ajuda na procura por emprego.

“Acelerar a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência — enquanto se promove a regulação amiga da concorrência, os ganhos de eficiência nos serviços públicos e o investimento verde –, é a chave para uma recuperação forte e sustentável”, argumenta a OCDE.

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