GreenVolt pode chegar à bolsa a valer 800 milhões, mais que os CTT

Avaliação no IPO coloca a empresa liderada por Manso Neto como a 13.ª mais valiosa da bolsa, à frente dos CTT. Há um prémio, mas os institucionais estarão dispostos a pagar para entrarem na GreenVolt.

Lisboa prepara-se para receber uma nova cotada. Meses depois de ter sinalizado a vontade de ingressar no mercado de capitais português, a GreenVolt avança com uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla inglesa) que, se bem-sucedida, irá avaliar a empresa de energias verdes da Altri em mais de 800 milhões de euros. Pode vir a superar o valor de mercado dos CTT.

A GreenVolt vai avançar com um “IPO no valor de cerca de 150 milhões de euros destinado a investidores qualificados”. Além deste, prevê ainda aumentar o seu capital em “56 milhões adicionais reservados a um aumento de capital em espécie subscrito pela V-Ridium“, empresa com quem a Altri firmou um acordo que lhe permite controlar uma empresa com um pipeline de “projetos eólicos e solares, maioritariamente na Polónia e na Grécia.

Estes 206 milhões de euros corresponderão a cerca de 25% do capital da GreenVolt, com os institucionais a ficarem com 18,6% e a V-Ridium com 6,8%. E haverá ainda uma “fatia” de 5% que será entregue pela empresa de pasta e papel aos seus acionistas — tal como já tinha sido aprovado em assembleia geral da Altri, em abril. Os restantes 70% ficam nas mãos da Altri.

Tendo em conta os valores a que é feito o aumento de capital, a avaliação da GreenVolt à entrada em bolsa ascenderá a 823 milhões de euros, de acordo com cálculos do ECO.

Ranking das capitalizações bolsistas na bolsa de Lisboa:

Esta capitalização fará da GreenVolt uma das “gigantes” da bolsa de Lisboa, superando o valor de mercado de muitas das empresas que militam no índice de referência da praça portuguesa. A GreenVolt pode apresentar a 13.ª maior capitalização bolsista do mercado nacional, deixando, assim, para trás cinco cotadas do PSI-20, que atualmente conta com apenas 18 títulos.

De acordo com dados da Reuters, a empresa liderada por Manso Neto poderá entrar no mercado a valer pouco menos que a Semapa, mas acima dos 700 milhões dos CTT. A Altri, empresa que manterá o controlo da GreenVolt depois do IPO, apresenta, atualmente, uma capitalização bolsista de 1,12 mil milhões de euros.

Uma empresa em crescimento

A GreenVolt vai para o IPO avaliada em mais de 800 milhões de euros. É uma empresa que em 2020 obteve receitas de 89,8 milhões de euros, gerou um EBITDA de 32,8 milhões e teve lucros de 17,9 milhões de euros, sendo à luz destes valores que se deve avaliar a nova potencial cotada da bolsa portuguesa.

Com esta avaliação, transacionará a cerca de dez vezes as receitas geradas no ano passado, o que está em linha com outra empresa de energias renováveis no mercado nacional, a EDP Renováveis. Já olhando para o EBITDA, apresentará um rácio um pouco mais elevado. “Tem um prémio um pouco superior, mas pode fazer sentido tendo em conta que estamos no início do projeto“, comenta João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa.

Estando no início, haverá muitos investimentos a fazer para que comece a gerar mais receitas, EBITDA e lucros — estimativa da empresa é de que seja possível crescer a 40%, em média, ao ano até 2025. Esses investimentos serão de 300 milhões este ano, mas o total até 2025 pode chegar a 1,8 mil milhões de euros, tanto lá fora como cá dentro.

Institucionais “pagarão o prémio”

O IPO da GreenVolt vai passar ao lado dos pequenos investidores. É restrito a institucionais que, acredita João Queiroz, estarão dispostos a pagar um pouco mais para apanharem a “onda” das energias renováveis.

“A indústria tem de descarbonizar… Na Europa, temos o Green Deal. A indústria tem de adotar outra postura sob pena de terem de comprar certificados de carbono”, que neste momento estão a atingir valores recorde no mercado, diz o especialista do Banco Carregosa. “Há necessidade de terem participações nestas empresas, por isso é natural que paguem prémio para acelerar esta transição energética“. “É uma motivação para investir em empresas como a GreenVolt”, remata.

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