Alemanha responde a França e mete travão a mais dívida comum

O ministro da Economia alemão disse que a União Europeia tem de se focar na execução da "bazuca" e remeteu a discussão sobre reforço da dívida comum para mais tarde.

Não é um “não” definitivo, mas é um travão nas ambições francesas: o ministro da Economia alemão, Peter Altmaier (da CDU, partido de Angela Merkel), mostrou relutância e remeteu para mais tarde a discussão sobre a hipótese de haver mais dívida comum ao nível da União Europeia para financiar certos investimentos, nomeadamente para a transição climática. A proposta tinha sido avançada pelo ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, na cimeira da recuperação na semana passada em Portugal.

Irá demorar alguns anos a gastar a dívida de 750 mil milhões de euros que temos“, afirmou Altmaier em resposta aos jornalistas após um painel conjunto com Le Maire, este domingo, citado pela Bloomberg. Em causa está a “bazuca” europeia, nome dado ao fundo de recuperação europeu (Próxima Geração UE) de onde se destaca os Planos nacionais de Recuperação e Resiliência.

O ministro da CDU (conservadores), que governa em coligação com o SPD (social-democratas), remeteu a discussão para mais tarde, afirmando que “os próximos passos virão depois das eleições para o Bundestag e as eleições presidenciais francesas“. As eleições alemãs realizam-se em setembro deste ano e as eleições francesas em maio de 2022.

Na passada quarta-feira, o ministro francês da Economia e das Finanças pediu que a União Europeia corra mais riscos para não ficar atrás dos Estados Unidos e da China em termos económicos e avançou com uma proposta concreta: a emissão de dívida comum para investir na transição climática, dando continuidade ao formato da “bazuca” europeia que é financiado por dívida emitida pela Comissão Europeia em nome da UE.

Não estou a pedir apenas que a dívida comum seja um instrumento permanente. Estou a pedir para termos dívida comum para apenas um objetivo: a luta contra as alterações climáticas e a transição climática”, afirmou Le Maire, argumentando que tal iria implicar mais responsabilização dos Estados em termos de contas públicas, principalmente na qualidade da despesa.

Apesar de estar relutante, Altmaier admitiu que o debate sobre um plano de investimentos permanente seria interessante do ponto de vista académico e económico. Porém, para já, os europeus têm de se focar em “assuntos concretos” como os projetos industriais em áreas como as baterias para os veículos elétricos, o hidrogénio ou a saúde, disse o ministro.

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