Alemães podem voltar a Portugal, mas “não é expectável um boom” de reservas, diz Turismo do Algarve

Os turistas alemães já podem viajar para Portugal sem precisarem de fazer quarentena no regresso a casa. A decisão foi anunciada esta segunda-feira pelo Governo alemão, mas o setor recebeu-a com pouco entusiasmo. Os inúmeros cancelamentos que estão para trás já ninguém os devolve e, mesmo agora, não se espera um “boom” de reservas, diz o presidente do Turismo do Algarve.

“É uma notícia que vem por bem, mas temos de nos lembrar que o anúncio feito a 25 de julho teve um impacto muito forte“, diz ao ECO João Fernandes, notando que estavam previstos cerca de 11 mil voos entre a Alemanha e Portugal e que “muitos foram cancelados”.

“Vamos esperar que seja possível retomar tão breve quanto desejável as operações”, continua o presidente do Turismo do Algarve, embora se mostre pouco entusiasmado. “A Alemanha tirou-nos da zona de variantes de risco, mas não deixou de nos classificar como uma zona de elevada incidência. Apesar de não ser obrigatória a quarentena, ainda há a indicação de que não são desejáveis as viagens para países com esta classificação“, alerta.

E, por isso, João Fernandes não espera um disparo nas reservas, como é habitual acontecer nestas situações. “Vamos esperar que haja algum efeito, mas não é expectável que tenhamos um boom na procura por essa notícia”, afirma o responsável, que explica que este “ziguezaguear” de decisões acaba por ter “impacto no comportamento do próprio turista alemão”, que acaba por “perder a confiança” em viajar.

Ainda assim, “é expectável que quem já tinha reservado [uma viagem para Portugal] e a consiga cumprir, que o faça”, diz João Fernandes, acrescentando que “nem tudo está perdido”, apesar de “boa parte [da procura] ter sofrido um grande revés”.

Para o verão, as expectativas são menos animadoras do que há uns meses. Em parte também devido aos turistas britânicos, que continuam a ter de cumprir quarentena ao viajar para Portugal. “Estamos a aguardar que o Governo britânico anuncie a possibilidade de viagens sem quarentena para países da ‘lista âmbar’ [onde está Portugal], o que iria permitir, naturalmente, que pelo menos em agosto e diante pudéssemos ter alguma procura“, diz.

Por enquanto o melhor é mesmo não criar muitas expectativas porque “se há coisa que a pandemia nos ensinou é que surpresas são uma constante”, nota João Fernandes. “Se há um mês e meio respondia que a procura nacional seria reforçada com a procura externa, neste momento é muito difícil ter uma perspetiva otimista para o verão, sobretudo quando os dois principais mercados externos [Reino Unido e Alemanha] ainda têm condicionantes de viagens”, remata o presidente do Turismo do Algarve.

Relacionados