BRANDS' ECOSEGUROS Diferentes mercados, maiores cuidados

  • ECOSeguros + Innovarisk Underwriting
  • 15 Setembro 2021

Eduardo Félix, responsável de Subscrição de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk, explica como Portugal tem um comportamento tão distinto dos seus congéneres europeus no uso da reclamação.

Mesmo com um franco aumento em número e em valor de reclamações nos anos mais recentes, Portugal é ainda hoje um mercado relativamente benigno para os produtores. Seja pelo desconhecimento ou desconfiança dos meios de reclamação ou pela implicação de dirigir um juízo de culpa a um parceiro comercial, há uma maior relutância em reclamar. Em caso de defeito num produto ou serviço, a primeira opção para o resolver passa normalmente por alternativas à reclamação, através de um desconto comercial, de produtos ou serviços adicionais ou da substituição gratuita de produtos.

Eduardo Félix, responsável de Subscrição de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk.

Noutros mercados, por contraste, o ato de reclamar assume moldes mais objetivos. Havendo uma relação comercial temporariamente frustrada por um defeito, e sendo esta frustração quantificável, caberá ao responsável repará-la financeiramente, para repor rapidamente a normalidade da relação. A reclamação é meramente o veículo para exigir esta reposição, assumida como um ato normalizado no âmbito das relações comerciais.

Esta normalização da reclamação acarreta naturalmente um número e valor de reclamações superior ao do mercado português, que se traduz em custos de litigância. Estes custos não abrangem somente a defesa da reclamação e eventual pagamento, mas os custos de desviar tempo útil da gestão da empresa e de criar uma incerteza sobre a resolução da reclamação, afetando potenciais contratos e novos investimentos. Em conjunto, os custos indiretos com uma reclamação poderão ser uma fatura bem mais pesada para a empresa do que os custos diretos.

"Espanha, que é o principal parceiro económico português, é também o exemplo mais destacado desta evolução e figura hoje entre os países do mundo com maiores custos de litigância. Na última década, enquanto o PIB se reduzia cerca de 4%, o valor total de reclamações em Espanha aumentou aproximadamente 40%”

Eduardo Félix

Responsável de Subscrição de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk

Comparando o mercado português com os EUA, que são historicamente o mercado com maiores custos de litigância, percebe-se de imediato a disparidade – mesmo ajustados ao PIB, os custos são quase cinco vezes superiores. Na Europa, a diferença para Portugal ainda não é tão acentuada, mas tem aumentado significativamente nos últimos anos. Em Espanha, Itália e Alemanha os custos em relação ao PIB são já praticamente o dobro, enquanto no Reino Unido e Irlanda são quase 3 vezes superiores.

Espanha, que é o principal parceiro económico português, é também o exemplo mais destacado desta evolução e figura hoje entre os países do mundo com maiores custos de litigância. Na última década, enquanto o PIB se reduzia cerca de 4%, o valor total de reclamações em Espanha aumentou aproximadamente 40%. De forma relacionada, também o número de advogados em cada 1000 pessoas passou de 2,8 para 3,2, o que salienta o aumento geral de litigância.

Logicamente que os diferentes hábitos e exigências de outros mercados não podem ser evitados, mas sabendo que podem penalizar fortemente as empresas exportadoras portuguesas, habituadas a um contexto mais favorável, o risco poderá ser previamente acautelado de forma a proteger as suas aspirações de crescimento. Neste contexto, será vantajoso considerar os benefícios oferecidos por um seguro, para garantir maior estabilidade à empresa em caso de reclamação e a previsibilidade da sua gestão financeira, mesmo no mercado mais exigente.

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