Venda de equipamento à TAP dificulta recuperação da Groundforce

Ainda que reconheçam a bondade da solução acordada com a TAP para pagar aos trabalhadores, os administradores de insolvência da Groundforce consideram que pode desproteger os credores.

Uma das soluções de recurso a que o Governo e a TAP lançaram mão para conseguir pagar os salários em atraso aos trabalhadores da Groundforce, e mantê-la a operar, foi a compra do equipamento da última — autocarros, tratores, escadas e outro material — pela primeira. O contrato de “sale & leaseback” fez entrar bastante dinheiro nos cofres da empresa de handling, mas deixou um encargo mensal que, segundo os administradores de insolvência, “pode dificultar a viabilização de soluções em prol da pretendida recuperação”.

A Groundforce recebeu 6,97 milhões de euros da TAP pela venda do equipamento em março, o que permitiu pagar parte dos salários em atraso do mês de fevereiro e os salários de março e abril. Sobrou ainda dinheiro para a liquidação de impostos. Pelo aluguer, ficou a pagar 461.762 euros mensais (mais IVA) à companhia aérea.

No relatório que vão apresentar à assembleia de credores, marcada para dia 22, os administradores de insolvência reconhecem a “bondade” da medida, que “permitiu que a devedora cumprisse, nesse momento, com as suas obrigações correntes, nomeadamente e desde logo, com o pagamento dos salários aos trabalhadores”. Mas assinalam também “que acabou por revelar-se temporária e manifestamente insuficiente” e “poderá ser suscetível de diminuir/desproteger a generalidade dos credores, podendo, ainda, dificultar a viabilização de soluções em prol da pretendida recuperação da insolvente”, acrescenta o documento a que o ECO teve acesso.

Administradores de insolvência vão tomar posição sobre o negócio

Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell informam que estão a analisar o negócio celebrado com a TAP e que vão tomar uma posição sobre o mesmo, que será comunicada aos credores. Lembram também que a administração da Groundforce, liderada por Alfredo Casimiro, interpôs um processo judicial visando a anulação do negócio.

O relatório refere as várias iniciativas da empresa para obter liquidez, desde o recurso ao “lay-off simplificado” e ao regime do apoio extraordinário à retoma progressiva, as tentativas falhadas de obter financiamento junto da CGD e do Banco de Fomento e a antecipação de pagamentos de clientes.

Este último expediente e o contrato de “sale & leaseback” com a TAP contribuem para “uma situação onde a tesouraria futura foi canalizada para cobrir os encargos fixos passados, que derivam de uma estrutura existente que está a ser subutilizada, impossibilitando a geração de meios capazes de afrontar as responsabilidades assumidas junto dos seus credores”.

Ainda assim, Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell consideram que a companhia de handling é viável e defendem a apresentação de um plano de recuperação. Vão, por isso, propor à assembleia de credores, que se realiza no dia 22 de setembro, “a manutenção da atividade do estabelecimento, com a consequente suspensão da liquidação e da partilha da massa Insolvente”.

"Nós encaramos este processo, desde o início, como um passo a dar para a recuperação da empresa. O relatório vai nesse sentido.”

José Sousa

Secretário-geral do SITAVA

“Nós encaramos este processo, desde o início, como um passo a dar para a recuperação da empresa. O relatório vai nesse sentido. A solução que vai ser votada é a apresentação de um plano de recuperação”, reage José Sousa, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA).

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