“Indústria não tem futuro se não pagar melhor”, adverte Brilhante Dias

Perante empresários têxteis, o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, disse que a indústria tradicional tem de subir salários para ser mais competitiva no mercado laboral.

O secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, alertou esta quinta-feira que as indústrias mais tradicionais, como o têxtil, o vestuário e o calçado, “não têm futuro se não pagarem melhores salários”.

À margem de uma visita à feira Première Vision, em Paris, o governante reconheceu que a capacidade de fixar talento e a falta de mão-de-obra qualificada é um dos obstáculos que a indústria atravessa e que é urgente “criar melhores condições de atratividade e fixação de recursos”.

“Quando chegarmos à valorização da remuneração do trabalho, vamos ter melhores condições de fixar talento. Muitos jovens não ficam nestas indústrias porque as condições remuneratórias são mais atrativas nas concorrentes. A indústria não tem futuro se não for capaz de pagar melhor. É nesse caminho que vamos ter de trabalhar. Para sermos mais competitivos temos que ter melhores salários”, insistiu Brilhante Dias.

Presente em França para acompanhar a comitiva de empresários portugueses, destacou aos jornalistas que a indústria portuguesa precisa de ter “uma oferta mais qualificada e diferenciadora, não só a nível do saber-fazer na produção, mas também na capacidade de design, de gerar marcas portuguesas com mais valor acrescentado e criar melhores condições de atratividade e fixação de recursos”.

Indústria investe na sustentabilidade

Nesta feira francesa, o setor do têxtil e do vestuário procura marcar diferença pela aposta na sustentabilidade, seja através de matérias reciclados ou de fibras feitas a partir de desperdícios alimentares, como o café ou as uvas. Eurico Brilhante Dias realçou aos jornalistas que este caminho para a indústria ser mais sustentável tem vindo a ser construído ao longo dos últimos anos.

“Há uma preocupação das empresas em serem mais sustentáveis. A sustentabilidade está muito ligada aos tecidos, à reciclagem e a reutilização dos tecidos. A indústria portuguesa fez, no passado, um esforço por ser mais sustentável, seja no têxtil, no vestuário ou no calçado”, insistiu o secretário de Estado da Internacionalização.

A Première Vision conta com 56 empresas portuguesas e a grande maioria do tecido industrial está a a apostar fortemente no campo da sustentabilidade e da economia circular. É o caso, por exemplo, da Adalberto Estampados, da Somami, da Tintex e da Tearfil, entre outras.

António Braz Costa, diretor-geral do Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e do Vestuário (Citeve), conta ao ECO que Portugal está bem posicionado nesta matéria e que “já está a agarrar essa oportunidade”. “As apostas que fizemos em termos de sustentabilidade estão a dar frutos. Neste momento, o nível de sustentabilidade dos produtos portugueses são uma chave para atrair clientes exigentes, incluindo de luxo“, destaca.

O líder do Citeve sublinha ainda que Portugal tem recebido contactos das grandes marcas de referência, como a Channel, que “querem montar as suas fábricas em Portugal e estão decididas em apostar em Portugal no campo da sustentabilidade”.

Mário Jorge Machado (ATP), Eurico Brilhante Dias, o embaixador Jorge Torres Pereira e César Araújo (Anivec).Fátima Castro/ECO

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