“Este é o momento de ação imediata” na COP26, diz Miguel Setas, administrador da EDP

"A comunidade empresarial pode ter um papel fundamental no apoio aos governos, encorajá-los a aumentar o seu nível de ambição e alavancar as parcerias", diz Miguel Setas, administrador da EDP.

No meio de milhares de participantes na Cimeira do Clima em Glasgow, há uma voz portuguesa que se quer fazer ouvir. E bem alto. “Este não é o momento de adiar decisões, este é o momento de ação – e de ação imediata”, disse Miguel Setas, administrador do grupo EDP, que lidera a delegação da elétrica à Escócia, em declarações exclusivas ao ECO/Capital Verde

“A COP26 acontece num momento absolutamente crítico para o futuro do planeta. As alterações climáticas são uma realidade incontornável e as oportunidades para conter o aumento da temperatura global a 1.5º C de forma a evitar impactos mais catastróficos estão a reduzir drasticamente”, defende Miguel Setas.

A empresa portuguesa foi convidada pela organização a intervir em diferentes fóruns, conferências e grupos de trabalho ao longo destas duas semanas. No Dia da Energia, que decorreu esta passada quinta-feira, Miguel Setas representou a EDP em duas importantes conferências: ‘Make Coal History’ e ‘Powering the World Past Coal’, refletindo a importância de se assumir o fim do carvão na produção de energia e nas quais a EDP reafirmou o objetivo de ser ‘coal free’ até 2025.

A comunidade empresarial pode ter um papel fundamental no apoio aos governos, encorajá-los a aumentar o seu nível de ambição e alavancar as parcerias entre todos os que têm um papel decisivo nas políticas e financiamentos adequados necessários para avançar na transição energética.

Miguel Setas, Administrador EDP

Na sexta-feira, 6 de novembro, a EDP participou num debate sobre o Artigo 6.º do Acordo de Paris (‘Article 6, Why it matters to businesses?’) e ainda numa conferência sobre o impacto das renováveis (‘Impact Renewables: How should companies’ renewable energy strategies evolve to consider social and environmental justice?’).

E, todos estes momentos, Miguel Setas não teve dúvidas na mensagem a passar: “O sentido de urgência que envolve esta ação exige que todos – empresas, governos, cidadão – estejam disponíveis para reforçar a ambição das metas já definidas e para assumir novos compromissos. O que Paris prometeu, Glasgow tem de cumprir, por isso, esta conferência global é decisiva para essa responsabilização”.

Quanto ao papel das empresas, o administrador da EDP diz que esta cimeira representa também uma oportunidade única para mostrar o que têm alcançado e acelerar a ação e a ambição do setor privado.

“A comunidade empresarial pode ter um papel fundamental no apoio aos governos, encorajá-los a aumentar o seu nível de ambição e alavancar as parcerias entre todos os que têm um papel decisivo nas políticas e financiamentos adequados necessários para avançar na transição energética”.

Sobre a EDP, diz sem modéstia que “está na liderança deste processo de transição energética” e que “é nesse espírito que participa nesta COP”.

Já quando o assunto é carvão, a elétrica também se pode gabar. A EDP já não tem carvão em Portugal, com o fecho de Sines em janeiro de 2021, mas em Espanha e no Brasil o compromisso é livrar-se das centrais termoelétricas que queimam este combustível fóssil poluente até 2025.

Os ambiciosos compromissos assumidos pelos parceiros demonstram que o fim do carvão está à vista. O mundo está a mover-se na direção certa, pronto para selar o destino do carvão e abraçar os benefícios ambientais e económicos da construção de um futuro movido por energia limpa.

Miguel Setas, Administrador EDP

Foi por isso que a elétrica portuguesa, uma das poucas (senão a única) empresas nacional a marcar presença na COP26 em Glasgow, fez questão de assinar, no Dia da Energia, o novo documento lançado pela presidência britânica “Global Coal to Clean Power Transition” (“Declaração de Transição Global de Carvão para Energia Limpa”).

Os signatários — 44 países e 32 empresas e regiões, incluindo países com uso intensivo de carvão, como o Vietname, a Ucrânia e a Polónia comprometem-se a acelerar a transição para as energias renováveis e abandonar o uso de carvão. O objetivo é completar este processo na década de 2030 para os países mais desenvolvidos e na década de 2040 para os outros países.

“A declaração marca um momento relevante nos nossos esforços globais para combater as alterações climáticas, à medida que nações e empresas de todo o mundo se unem em Glasgow para declarar que o carvão não tem qualquer papel a desempenhar no nosso futuro sistema de energia. Os ambiciosos compromissos assumidos pelos parceiros demonstram que o fim do carvão está à vista. O mundo está a mover-se na direção certa, pronto para selar o destino do carvão e abraçar os benefícios ambientais e económicos da construção de um futuro movido por energia limpa”, disse Miguel Setas ao ECO/Capital Verde.

Apesar da desconfiança de muitos na COP26, o administrador da EDP Miguel Setas diz que é “possível”. E dá o exemplo da sua própria empresa: atualmente, 81% da matriz energética da EDP já é apenas de energias renováveis e a meta é chegar aos 100% em 2030.

O grupo tem planos para investir 24.000 milhões de euros na transição energética, dos quais 19.200 milhões de euros (80%) em energias renováveis até 2025, que inclui tecnologia eólica, solar, hidrogénio verde e armazenamento de energia.

Durante a segunda semana de COP, está ainda prevista a participação da EDP em diferentes conferências até ao dia 10 de novembro, com especial destaque para o dia 9 (terça-feira), em que será discutido o potencial e futuro do hidrogénio — este é também o dia em que haverá intervenções do Governo português — e no dia 10, em que o tema forte será a mobilidade elétrica.

Os dois eventos são ‘The Roadmap to Net-zero with Hydrogen’ e ‘Future-fit utilities and the Electric Mobility Revolution’.

Ao longo destas semanas irão ainda decorrer várias reuniões bilaterais e intervenções em grupos de trabalho que poderão resultar em novos acordos ou compromissos.

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