Baterias impossíveis de substituir aumentam desperdício e gastos, alertam ambientalistas
Se em 2030 todos os novos telefones e ‘tablets’ vendidos na União Europeia tiverem baterias facilmente removíveis e substituíveis, as emissões anuais destes dispositivos podem cair 30%, indica estudo.
A maioria das baterias da eletrónica de consumo ou das bicicletas elétricas são impossíveis de substituir ou reparar, o que aumenta o desperdício e as despesas, alerta um relatório divulgado esta segunda-feira.
O relatório do Gabinete Europeu do Ambiente (EEB na sigla original), uma federação europeia de organizações não governamentais de ambiente, faz questão de lembrar no início do documento que a Europa se afirma como líder em matéria de clima e de sustentabilidade.
É nessa Europa que a maioria das baterias recarregáveis de iões de lítio dos materiais eletrónicos (‘smartphones’, computadores portáteis ou ‘tablets’, bicicletas ou ‘scooters’ elétricos) ou não são substituíveis ou não são reparáveis.
Tal resulta, diz a EEB, “em períodos de vida mais curtos do produto, aumento do desperdício eletrónico, perda de materiais raros e despesas desnecessárias para os consumidores”.
E as estimativas, alerta também, “mostram que a procura continuará a crescer na próxima década: até 60% para baterias na eletrónica de consumo e 15% para bicicletas e scooters elétricas, até 2030”.
No relatório, a federação de organizações ambientais europeias diz que a falha de baterias é um dos problemas mais comuns em muitos produtos eletrónicos, sendo também frequentemente o primeiro componente a falhar em bicicletas e ‘scooters’.
Segundo o relatório, 42% das reparações de ‘smartphones’ e 27% das reparações de computadores portáteis estão relacionadas com a substituição de baterias.
“No entanto, entre o design para dificultar a acessibilidade, a utilização de colas, bloqueios de software, falta de peças de substituição, ferramentas e informação sobre reparações, muitas baterias estão destinadas a nunca serem substituídas, reparadas ou recicladas”, escreve o EEB.
Nas contas da organização, se em 2030 todos os novos telefones e ‘tablets’ vendidos na União Europeia tiverem baterias facilmente removíveis e substituíveis as emissões anuais destes dispositivos podem cair 30%, será menor a perda de matérias-primas críticas como o cobalto e índio, e os consumidores europeus poupam 19,8 mil milhões de euros.
Além do relatório, uma coligação de reparadores de equipamentos eletrónicos e de baterias, a indústria da reciclagem e organização não governamentais ligadas ao ambiente, representando pelo menos 500 organizações, publicou esta segunda-feira uma declaração apelando à Comissão Europeia para que tome medidas no sentido de mais baterias amovíveis, substituíveis e reparáveis no próximo regulamento sobre baterias.
Jean-Pierre Schweitzer, do EEB, diz citado no documento que ainda que haja muitas empresas a trabalhar para substituir, reparar e reciclar baterias, a má conceção dos produtos e software estão a tornar a tarefa difícil, se não impossível.
“Os fabricantes estão a desperdiçar recursos preciosos e a forçar os consumidores a substituir os aparelhos antes de precisarem de o fazer. O Conselho Europeu e o Parlamento Europeu estão agora a negociar o Regulamento Europeu de Baterias e têm o poder de negociar todas estas questões”.
A Comissão Europeia propôs um Regulamento sobre Baterias que visa abordar todo o seu ciclo de vida, desde a cadeia de abastecimento até à eliminação. O documento está atualmente nas mãos do Parlamento Europeu e do Conselho.
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