Valérius só paga 250 mil pela Dielmar. É a única proposta
A têxtil de Barcelos propõe salvar 200 empregos e dá 250 mil euros pela falida empresa de vestuário de Castelo Branco, abaixo do preço base de 384 mil euros. Credores votam solução a 4 de janeiro.
A marca e os ativos industriais da falida Dielmar devem passar para as mãos da Valérius no início de 2022. A empresa de Barcelos foi a única a apresentar uma proposta para a compra da histórica empresa de vestuário de Alcains, no concelho de Castelo Branco.
O administrador de insolvência, João Gonçalves, adiantou ao ECO que a proposta do grupo liderado por José Manuel Vilas Boas Ferreira ascende a 250 mil euros – fica abaixo do valor mínimo de 384 mil euros que tinha fixado – e prevê a criação de 200 postos de trabalho.
O gestor judicial tinha decidido relançar o processo através de negociação particular, definindo a entrega de propostas por carta fechada, acompanhadas de uma caução correspondente a 20% do preço de aquisição. Mas à hora fixada – às 17:00 de 21 de dezembro – só houve uma carta para abrir.
O remetente é um comendador minhoto especialista na reestruturação de empresas e também um velho conhecido neste atribulado processo da Dielmar, que arrancou com o pedido de insolvência a 30 de julho e que teve outro momento decisivo a 10 de novembro, com os credores a votarem por unanimidade o encerramento definitivo da fábrica.
É que nessa reunião, o diretor de operações da Valérius, Nuno Marques, já tinha apresentado esta mesma proposta, concretizada na sequência de um pedido de última hora feito pelo Ministério da Economia. O gestor tinha assinalado que a proposta seria válida apenas por 30 dias, mas a empresa de Barcelos decidiu alargar a validade nesta nova fase do processo.
Como o ECO adiantou na segunda-feira, a Outfit de Leiria deixou cair a proposta de 295 mil euros, que previa ainda a recuperação de 215 empregos e em que tinha como sócio o grupo brasileiro Via Veneto. “Decidimos que nesta fase não havia suficiente garantia de obtermos um projeto que fosse financeiramente viável, tendo em consideração várias questões da conjuntura”, disse o gerente, Vítor Madeira Fernandes.
Desfecho final a 4 de janeiro
A representante dos trabalhadores na comissão de credores deslocou-se esta tarde a Coimbra para acompanhar a abertura de propostas no escritório do administrador de insolvência. E reconheceu ao ECO que esperava mais interessados em ficar com as marcas, as máquinas e os inventários da empresa fundada em 1965.
“A gente gostava que houvesse mais propostas, mas vamos ver a decisão final na assembleia de credores do dia 4 [de janeiro]”, resumiu Justina Lopes, acrescentando que os perto de 250 antigos trabalhadores já começaram a receber o subsídio de desemprego (relativo a 12 dias de novembro e ao mês de dezembro).
A gente gostava que houvesse mais propostas, mas vamos ver a decisão final na assembleia de credores do dia 4 [de janeiro].
Fruto de vários apoios públicos concedidos nos últimos anos, o Estado detinha cerca de 30% do capital da empresa de confeções, que até ao final de julho era liderada por Ana Paula Rafael e que tinha uma dívida total de quase 17 milhões de euros a 355 credores.
Logo no início de agosto, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, avisou que “o dinheiro público não serve para salvar empresários” e reconheceu que “se calhar” o Estado não [iria] recuperar o montante que tinha concedido à empresa.
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