Estudo sugere menor risco de hospitalização para infetados com Ómicron do que com Delta

  • Joana Abrantes Gomes
  • 22 Dezembro 2021

Um estudo realizado na África do Sul concluiu que pessoas infetadas com a variante Ómicron apresentam riscos mais reduzidos de hospitalização ou doença grave do que as pessoas infetadas com a Delta.

Pessoas infetadas com a variante Ómicron da Covid-19 terão riscos reduzidos de hospitalização e doença grave em comparação com infetados com a variante Delta, concluiu um estudo sul-africano, cujos autores apontam para que parte da justificação dessa conclusão seja a elevada imunidade da população.

O estudo, que não foi sujeito a revisão de pares e foi realizado por um grupo de cientistas do National Institute for Communicable Diseases (NICD) e de outras instituições como a Universidade de Witwatersrand e a Universidade de KwaZulu-Natal, descobriu que as pessoas diagnosticadas com a variante Ómicron na África do Sul entre 1 de outubro e 30 de novembro tinham 80% menos probabilidades de serem hospitalizadas do que as diagnosticadas com outra variante no mesmo período.

Entre os pacientes admitidos nesse período, aqueles infetados com a Ómicron tinham uma probabilidade semelhante de desenvolver uma doença grave do que aqueles com outras variantes. No entanto, o estudo revelou que as pessoas que foram hospitalizadas com a nova estirpe do coronavírus nos meses de outubro e novembro tinham 70% menos probabilidades de desenvolver doença grave do que os doentes internados com a variante Delta entre abril e novembro.

“De forma convincente, juntos, os nossos dados sugerem realmente uma história positiva de uma gravidade reduzida da Ómicron em comparação com outras variantes“, disse a professora Cheryl Cohen do NICD, co-autora do estudo, citada pela Reuters (acesso pago, conteúdo em inglês).

Cheryl Cohen apontou que as conclusões do estudo foram depois reforçadas pelos dados de vigilância que mostram taxas de hospitalizações e mortes significativamente mais baixas na atual onda de infeções provocada pela Ómicron na África do Sul do que em vagas anteriores de outras variantes da Covid-19, embora os números de casos fossem aí muito mais elevados.

A professora do NICD referiu ainda que os resultados do estudo podem, provavelmente, ser generalizados a outros países da região da África Subsariana, visto que, anteriormente, também tiveram níveis muito elevados de infeção por Covid-19 com outras variantes. “O que não é claro é se o quadro será semelhante em países onde existem níveis elevados de vacinação, mas níveis muito baixos de infeção anterior“, disse Cohen, durante uma conferência de imprensa realizada por um grupo de cientistas do NICD.

Por outro lado, os autores do estudo advertem para a dificuldade de “separar a contribuição relativa dos elevados níveis de imunidade da população anterior versus a menor virulência intrínseca para a menor gravidade da doença observada”. Além disso, um professor da Universidade Britânica de East Anglia disse que comparar os dados relativos à Ómicron num determinado período com os dados relativos à Delta de um período anterior significava que era difícil determinar se as taxas de hospitalização mais baixas se deviam ao facto de a nova variante ser menos virulenta ou ao facto de a imunidade da população ter aumentado.

A variante B.1.529, também designada Ómicron, foi detetada pela primeira vez em novembro, em vários países da região da África Subsariana, incluindo na África do Sul. Desde então, os números da pandemia têm disparado, mas, até agora, as únicas certezas sobre a nova estirpe é que apresenta um elevado número de mutações, o que lhe confere uma maior transmissibilidade.

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