Costa pode governar “à Guterres” se PS ganhar sem maioria absoluta

O primeiro-ministro esclareceu que pode fazer um Governo "à Guterres", negociando diploma a diploma, ou formar maioria com o PAN, se tiver deputados suficientes.

O “tabu” acabou. O líder do Partido Socialista admitiu esta quinta-feira no debate com Rui Rio que poderá formar um Governo minoritário, negociando diploma a diploma no Parlamento, como fez António Guterres. Além disso, piscou o olho à possibilidade de governar em coligação com o PAN, caso o PS fique perto da maioria absoluta e o número de deputados do PAN for suficiente.

Se não tiver a maioria absoluta, não viro as costas ao país“, afirmou o primeiro-ministro, garantindo assim que apenas se demite do PS caso fique atrás do PSD. Nesse caso, “se Rui Rio ganhar, só posso ter uma leitura que é a de que os portugueses rejeitaram a minha ação, por isso arrumo os meus papéis e entregarei a chave ao doutor Rui Rio”, esclareceu.

Mas e se o PS ganhar sem maioria absoluta? “Teremos de conversar com os partidos na Assembleia da República num modelo clássico, diploma a diploma, como fez Guterres“, disse Costa, referindo-se ao período em que o PS negociou com o PSD liderado por Marcelo Rebelo de Sousa — ou seja, Costa dá a entender que não afasta acordos pontuais com o PSD de Rui Rio.

Recordando que foi ministro dos Assuntos Parlamentares de António Guterres, Costa admitiu que este foi um período “difícil” e que “levava mais tempo” a aprovar as propostas do Governo. O Executivo de Guterres demitiu-se em 2002, após o PS ter perdido as autárquicas de 2001, para evitar um “pântano político”.

Ainda assim, Costa remete a questão para o pós-eleições, afirmando que ainda “não sabemos a aritmética que vai resultar das eleições” e relembrando que o PAN foi o único partido a viabilizar o Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022). Os deputados do PAN podem ser suficientes caso o PS fique perto da maioria absoluta, como mostra o cenário mais otimista da sondagem do Público revelada esta quinta-feira.

Sobre a possibilidade de reeditar a geringonça, o primeiro-ministro assumiu que “nas atuais circunstâncias não é possível”. “Desde que não perca as eleições cá estou para encontrar uma boa solução de Governo”, concluiu.

Momentos antes (e nos dias prévios ao debate), Rui Rio tinha pressionado Costa a responder sobre o que faria se ganhar sem maioria absoluta e alertava para a possibilidade de o socialista sair mesmo se vencer as eleições. Nesse caso, Portugal pode vir a ter “Pedro Nuno Santos como primeiro-ministro e teríamos o Bloco mesmo dentro do Governo”, afirmou Rio, notando que isso seria um “perigo” para o país pela guinada à esquerda do PS.

(Notícia atualizada às 21h20 com mais informação)

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