Pedro Barata: Sonae e Jerónimo Martins “têm ainda um bom potencial de valorização”

O gestor do Fundo de Ações Nacionais mais rentável de 2021 acredita que “2022 pode ser um bom ano para a bolsa portuguesa”, mantendo a aposta nas empresas de retalho do PSI-20.

Fundo gerido por Pedro Barata atingiu um retorno de 24,54% em 2021.Paula Nunes / ECO

O NB Portugal Ações foi o Fundo de Ações Nacionais mais rentável de 2021, com um retorno de 24,54% que quase duplicou o PSI-20. O desempenho deste fundo de 24,3 milhões de euros ficou a dever-se sobretudo à aposta nas ações da Sonae e Jerónimo Martins (peso acima de 18% na carteira).

Em resposta por escrito às questões do ECO, o gestor deste fundo da GNB Fundos Mobiliários (Novobanco), Pedro Barata, diz que a aposta das duas empresas de retalho “é para manter”, pois as duas cotadas “têm ainda um bom potencial de valorização”.

Pedro Barata está “muito confiante no potencial de crescimento do negócio da Greenvolt para os próximos anos”, acredita na evolução positiva das bolsas globais (embora com maior volatilidade) e que “2022 pode ser um bom ano para a bolsa portuguesa”.

O NB Portugal Ações foi o melhor fundo de ações nacionais em 2021 e quase duplicou a valorização do PSI-20? Qual a estratégia que explica este resultado?

O mercado português é um mercado de nicho, com poucas empresas cotadas. Como tal, a gestão de um fundo como o NB Portugal Ações tem que ser alicerçada num profundo conhecimento dessas empresas e na decisão de concentrar uma parte significativa da carteira nas empresas em que o gestor acredita que poderão apresentar uma melhor performance num futuro não muito longínquo. Este é um mercado onde o gestor tem de ter fortes convicções para conseguir destacar-se.

E este ano, o fundo beneficiou disso mesmo. Por um lado, face à pandemia que teima em não nos deixar, fomos levados a escolher aquelas empresas que achávamos que poderiam sair vencedoras numa realidade pandémica. Neste cenário, os investimentos realizados em CTT e nas empresas de retalho Jerónimo Martins e Sonae foram claramente vencedores. Por outro lado, o forte investimento que fizemos no IPO da Greenvolt permitiu ao fundo destacar-se do seu benchmark, uma vez que a empresa valorizou bastante e só mais tarde é que veio a integrar o índice PSI-20.

Para além do referido, é também importante destacar que uma overperformance como a alcançada este ano pelo fundo NB Portugal Ações não se consegue se não houver um grande trabalho de equipa e um acompanhamento diário muito rigoroso de todas as nuances macro e microeconómicas que de alguma forma podem impactar a carteira e o mercado como um todo.

O retalho tinha um forte peso na carteira no final do ano. A aposta é para manter em 2022?

A nossa aposta em Sonae e em Jerónimo Martins é para manter. Estas são duas empresas que conhecemos bem, que têm uma gestão de excelência, são líderes em muitos dos seus mercados e por isso acreditamos que têm ainda um bom potencial de valorização. Como tal, estamos muito confortáveis com o nosso investimento nestas empresas.

Para além disso, estamos muito confiantes no potencial de crescimento do negócio da Greenvolt para os próximos anos. Confirmando-se esta nossa ideia, acreditamos que a empresa poderá ser um dos grandes vencedores de 2022.

Num cenário de ressurgimento da inflação, é natural que a banca seja um setor privilegiado pelos investidores. Não é assim de estranhar, a forte valorização que o setor tem tido neste início de ano por toda a Europa e em particular o BCP.

A nível global quais os setores que podem ter o melhor desempenho?

A manterem-se as tendências inflacionistas, o setor bancário poderá ser um dos vencedores. Da mesma forma, se a recuperação económica se confirmar, acreditamos que as empresas que se posicionam no setor das matérias-primas poderão também ser beneficiadas.

Os analistas apontam para um ano de ganhos modestos nas bolsas globais. Qual a sua perspetiva. Quais os principais riscos para um bom desempenho nos mercados em 2022?

Acredito que os investidores continuarão a privilegiar o mercado acionista na busca de um retorno que ainda não conseguem obter investindo noutros ativos. Esse facto, poderá levar a que o desempenho dos mercados acionistas em 2022 seja uma continuação de 2021, mas provavelmente com rentabilidades mais modestas.

Porém, há hoje algumas incertezas como a evolução da pandemia, da taxa de inflação, das taxas de juro e do restabelecimento do fornecimento de componentes para que as empresas conseguiam produzir os seus produtos sem interrupções, que desafiam este otimismo e que farão com a volatilidade do mercado atinja níveis mais elevados daqueles que foram registados em 2021.

As eleições legislativas podem condicionar o desempenho do mercado acionista português?

A realização de eleições legislativas representa sempre um risco acrescido para o mercado devido à incerteza que gera. A dúvida face ao vencedor e às medidas que constarão no próximo Orçamento do Estado e que impacto é que estas terão no futuro empresarial do País e no desenvolvimento do mercado de capitais, são temas que tendem a preocupar os investidores. Medidas que penalizem fiscalmente os investidores, como aquelas que estavam previstas no último orçamento, tendem também a não ser bem recebidas pelos investidores.

A bolsa portuguesa tem registado um desempenho inferior às pares europeias. Pode inverter em 2022?

A bolsa portuguesa como bolsa periférica que é, está sempre condicionada pelo sentido da performance dos principais mercados internacionais. Dito isto, acreditamos que a grande maioria das empresas que compõem o PSI20 são empresas líderes nos seus mercados, que estão financeiramente sólidas e que têm à sua frente equipas de gestão muito competentes. Assim sendo, se os mercados internacionais ajudarem, acreditamos que o ano de 2022 pode ser um bom ano para a bolsa portuguesa. Se pensarmos que os mercados americano e europeu transacionam nesta altura nos seus valores máximos e que o PSI-20 terá ainda de valorizar mais de 130% para o atingir, temos uma ideia do potencial de subida do mercado português para os próximos anos.

A nossa aposta em Sonae e em Jerónimo Martins é para manter. Estas são duas empresas que conhecemos bem, que têm uma gestão de excelência, são líderes em muitos dos seus mercados e por isso acreditamos que têm ainda um bom potencial de valorização.

Pedro Barata, gestor do fundo NB Portugal Ações

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