Comissão Europeia vê inflação nos 2,3% em Portugal este ano com impacto negativo nos custos de produção
A Comissão Europeia antecipa uma travagem nos preços da energia até 2023, mas os efeitos de base e uma retoma acrescida nos preços dos serviços vão pressionar a inflação a atingir os 2,3% em 2022.
A taxa de inflação em Portugal deverá acelerar para os 2,3% este ano fruto, sobretudo, do agravamento dos preços da energia, de acordo com as previsões de inverno da Comissão Europeia divulgadas esta quinta-feira. E, apesar de antecipar que Portugal terá a segunda taxa de inflação mais baixa da União Europeia, a subida dos preços vai continuar a impactar negativamente os custos de produção, à semelhança do que já aconteceu em 2021.
A inflação passou de terreno negativo (-0,1%) em 2020 para 0,9% em 2021, num contexto de uma “grande volatilidade dos preços da energia”. Esta tendência de aceleração agravou-se ao longo do ano tendo os preços da energia pagos pelos consumidores chegado aos 13,2% no último trimestre do ano, sobretudo devido à escalada dos preços do petróleo, nota a Comissão.
No entanto, as famílias acabaram por ser protegidas graças às mudanças nas componentes reguladas da eletricidade. Já as empresas não tiveram a mesma sorte já que “a componente energética dos preços na produção aumentou a um ritmo muito mais elevado”, nota a Comissão no relatório, “desencadeado um efeito de contágio a um vasto leque de bens e serviços”.
E, apesar de a Comissão “antecipar uma queda” dos preços da energia até 2023, “os efeitos de base e uma retoma acrescida nos preços dos serviços vão pressionar a inflação a atingir os 2,3% em 2022, antes de abrandar para 1,3% em 2023”, prevê o relatório.
O agravamento dos preços em Portugal é, no entanto, o segundo mais baixo no conjunto da União Europeia. De acordo com as previsões de inverno, nos 27 Estados-membros da UE, só Malta terá uma taxa de inflação mais baixa do que Portugal com uma previsão de 2,1% este ano e de 1,9% em 2023, ficando nesse ano acima da previsão nacional.
No conjunto da zona euro, a Comissão prevê um agravamento da inflação de 2,6% em 2021 (2,9% no conjunto da UE) para 3,5% (3,9% na UE) este ano, antes de abrandar para 1,7% (1,9% na UE) em 2023. O executivo comunitário explica que a inflação deverá atingir um novo pico no primeiro trimestre deste ano (4,8%), depois do recorde atingido nos três meses anteriores (4,6%), devendo manter-se acima dos 3% até ao terceiro trimestre deste ano.
“Com o desanuviar das pressões sobre a cadeia de abastecimento e dos elevados preços da energia, a inflação deverá descer para 2,1% no último trimestre do ano, antes de recuar para um nível inferior à meta de 2% definida pelo Banco Central Europeu“, antecipa a Comissão Europeia, corroborando assim as perspetivas do banco central de que a inflação é temporária — ainda que mais persistente do que antecipado anteriormente — e de que poderão não ser necessários tantos aumentos de juros como antecipa a homóloga Reserva Federal norte-americana.
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