National Aviation Services do Kuwait é uma das interessadas na Groundforce

A National Aviation Services, do Kuwait, é uma das três interessadas na empresa de "handling" portuguesa. Perda de slots da TAP pode tirar até 3% da faturação.

A National Aviation Services (NAS), uma empresa do Kuwait, é uma das interessadas em ficar com a Groundforce, segundo apurou o ECO. A entrada no capital terá, no entanto, de esperar pela aprovação do plano de reestruturação, o que ainda poderá demorar largos meses.

A NAS, que apesar do nome tem capitais privados, é uma subsidiária da Agility Public Warehousing Company, um grupo do setor da logística, cotado na bolsa do Kuwait, com um valor bolsista superior a 7 mil milhões de dólares. Está presente em aeroportos no Médio Oriente, África e Ásia, emprega mais de seis mil trabalhadores e conta com a Emirates, a British Airways, a Air France ou a Lufthansa entre os principais clientes.

A Swissport e os belgas da Aviapartner são os outros dois interessados na companhia de handling portuguesa que opera nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.

A comissão de trabalhadores da Groundforce divulgou na terça-feira um comunicado, noticiado pelo Público, e a que o ECO também teve acesso, onde dá conta da existência de três interessados, sem os identificar.

Bruno Costa Pereira, administrador de insolvência da Groundforce, não quis comentar a identidade das empresas, mas confirmou que têm existido contactos com vista a uma eventual recapitalização da companhia de handling no futuro.

"A empresa não está à venda. Há a possibilidade de uma recapitalização”, que fará parte do plano de reestruturação que terá de ser discutido e aprovado pelos credores.”

Bruno Costa Pereira

Administrador de insolvência da Groundforce

“A empresa não está à venda. Há a possibilidade de uma recapitalização”, que fará parte do plano de reestruturação que terá de ser discutido e aprovado pelos credores, explicou o administrador, que com Pedro Pidwell assegura a gestão.

Para isso acontecer é necessário que a declaração de insolvência transite em julgado, o que depende do fim do recurso apresentado pela Pasogal, a empresa de Alfredo Casimiro que era a maior acionista da Groundforce.

O comunicado da comissão de trabalhadores, divulgado após uma reunião com os gestores de insolvência, informa que “continua sem existir uma decisão judicial para o recurso colocado, que permita determinar algum desfecho para o processo de insolvência, dentro dos prazos inicialmente previstos”. Facto que “condiciona a apresentação do plano de viabilização, a sua votação e eventual implementação”.

Sobre os interessados, a comissão de trabalhadores diz apenas que “todos desenvolvem atividade no ramo do handling” e que “a preferência incidirá sobre alguém com capacidade financeira própria, ou com capacidade de obter financiamento. Outro requisito, prioritário, será a demonstração de poder para implementar um projeto que permita à empresa ser competitiva e sustentável”.

A Groundforce não é a única empresa na mira da National Aviation Services na Europa. Está a tentar adquirir o grupo de serviços aeroportuários britânico John Menzies, tendo feito uma oferta de 469 milhões de libras, rejeitada já esta semana.

Perda de slots da TAP pode tirar 3% da receita

Fernando Henriques, dirigente do Sitava (Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos), também não quis comentar o nome dos interessados, mas referiu que o Governo no passado mostrou preferência por um grupo europeu do setor. E sublinhou que a TAP, como grande credor, tem um “papel essencial” na decisão que vier a ser tomada.

A companhia área portuguesa, que representa cerca de 70% da receita da Groundforce, também foi tema da reunião com a comissão de trabalhadores, que no comunicado afirma que a cedência de slots pela TAP, um dos remédios impostos pela Comissão Europeia para aprovar o plano de restruturação, “poderá representar uma diminuição de cerca três milhões de euros no que é faturado à TAP“.

Bruno Costa Pereira desvaloriza o impacto da medida. O número “é uma hipótese aritmética, tendo em conta o valor médio por movimento, assumindo o pior cenário. Representa um percentual inferior a 3% da faturação“, afirma.

O impacto no volume de negócios dependerá de quem ficar com as faixas horárias usar ou não os serviços da Groundforce. Se for a Ryanair, que faz o seu próprio handling, aquelas receitas serão perdidas.

Bruxelas também impôs à TAP a alienação da participação de 49% na Groundforce até 2025. Fernando Henriques nota, com preocupação, que a Comissão Europeia refere que a saída do capital abre a possibilidade de a companhia aérea negociar com outros operadores condições mais vantajosas.

A insolvência da Groundforce foi decretada pelo tribunal a 4 de agosto. A 22 de setembro, a assembleia de credores aprovou a manutenção da atividade da empresa e a apresentação de um plano de recuperação pelos administradores de insolvência.

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