Os cinco alvos das novas sanções europeias contra a Rússia

Finanças, energia, aviação, tecnologia e vistos visados no novo pacote de sanções que Bruxelas confia que terão “impacto máximo na economia e elites políticas” russas. Remoção do SWIFT fica de fora.

A União Europeia aprovou esta madrugada um novo pacote de “sanções em massa e direcionadas” contra a Rússia, que a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, acredita que vão ter um “impacto máximo na economia e nas elites políticas” russas.

O detalhe das novas sanções ainda vai ser trabalhado pelos diplomatas nas próximas horas, com o objetivo de ser formalmente adotado ainda esta sexta-feira por todos os Estados-membros, mas a líder dos 27 já adiantou quais serão as cinco áreas principais: finanças, energia, transportes, exportações e vistos.

  • Finanças

As sanções financeiras vão cortar o acesso russo aos “mais importantes mercados financeiros”, pretendendo atingir “70% do mercado bancário russo, mas também as empresas estratégicas controladas pelo Estado, incluindo na área da defesa”. Estas medidas vão aumentar os custos do financiamento à Rússia, aumentar a inflação e “desgastar gradualmente a base industrial russa”.

Segundo o Financial Times, as novas sanções podem incluir os privados Alfa-Bank e o Bank Otkritie na lista de bancos russos já bloqueados a financiamento da UE, em que já estão os cinco que são detidos pelo Estado. Podem ser bloqueados os empréstimos e a compra de títulos de várias empresas estatais, incluindo do setor aeroespacial e de defesa, transporte e construção naval e os cidadãos russos deixam de poder depositar mais de 100 mil euros nos bancos da UE.

  • Energia

Vai ser também visado pelas sanções o setor energético do país, considerado estratégico para o Estado russo e que em 2019 rendeu receitas de exportação no valor de 24 mil milhões de euros, segundo as contas apresentadas pela Comissão Europeia. Sem entrar em detalhes, Ursula von der Leyen antecipou apenas que haverá uma “limitação à exportação que atingirá o petróleo, impossibilitando a Rússia de modernizar as suas refinarias de petróleo”.

  • Aviação

Em conferência de imprensa, a presidente da Comissão Europeia referiu que também vai ser proibida a comercialização de aeronaves, componentes e outros equipamentos às companhias aéreas russas, o que irá “degradar um setor chave da economia russa e a conectividade do país”.

  • Tecnologia

Outro ponto principal neste novo pacote de sanções, de acordo com o anúncio feito esta madrugada em Bruxelas, prende-se com a limitação do acesso russo a tecnologia considerada crucial para o fabrico de semicondutores e de software avançado.

  • Política de vistos

Finalmente, os diplomatas, os “grupos associados” e os grandes empresários russos vão “deixar de ter acesso privilegiado à União Europeia”, não lhes sendo atribuídos vistos por parte dos Estados-membros, concretizou Ursula von der Leyen.

Destacando que os grandes empresários russos deixam de “esconder o seu dinheiro em portos seguros na Europa”, a líder da Comissão Europeia sublinhou que estas sanções foram adotadas em coordenação com parceiros e aliados, como o Reino Unido e os Estados Unidos. “A nossa unidade é a nossa força. O Kremlin sabe disso e tentou dividir-nos. Mas falhou completamente e conseguiu exatamente o oposto: estamos mais unidos do que nunca e estamos determinados”, afirmou von der Leyen.

A unidade é a nossa força. O Kremlin sabe disso e tentou dividir-nos. Mas falhou completamente e conseguiu exatamente o oposto: estamos mais unidos do que nunca e estamos determinados.

Ursula von der Leyen

Presidente da Comissão Europeia

De fora da lista de sanções ao regime liderado por Vladimir Putin fica o bloqueio dos bancos russo ao sistema de pagamentos internacionais SWIFT, que tornaria quase impossível às instituições financeiras do país fazer transferências de dinheiro internas e para outros países. A medida, que iria afetar setores cruciais como os ligados à energia, é defendida pelos responsáveis da Ucrânia, do Reino Unido ou da República Checa, mas, para já, é recusada pelo chancelar alemão, Olaf Scholz, ou pelo Presidente americano, Joe Biden.

Estas decisões foram tomadas durante uma cimeira de urgência em Bruxelas dos chefes de Governo e de Estado da UE, entre os quais o primeiro-ministro português, António Costa. Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, falou num “pacote adicional de sanções em massa, que será doloroso para o regime russo” e destacou que os líderes europeus “reafirmaram a firmeza da sua posição” na defesa da Ucrânia.

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