Transportadores rodoviários reúnem-se este fim de semana para discutir subida do preço dos combustíveis

  • Lusa
  • 12 Março 2022

Associados da Antram reúnem-se este sábado para discutir escalada do preço dos combustíveis e aprovar medidas para o setor. Domingo é a vez das empresas independentes.

A Associação Nacional dos Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) está este sábado reunida em plenário, em Pombal, para analisar a situação de escalada no preço dos combustíveis e aprovar medidas para o futuro do setor, confirmou o seu porta-voz. Este domingo é a vez da transportadores rodoviários de mercadorias sem ligações a associações setoriais se reunirem, em Castanheira do Ribatejo.

Contactado pela Lusa, o porta-voz da Antram, André Matias de Almeida, confirmou que mais de 200 empresas associadas estão reunidas em plenário para “discutir a situação atual e o momento que o setor atravessa”, com a subida do preço dos combustíveis. Do plenário deverão sair medidas para fazer face ao aumento do preço dos combustíveis e para o futuro do setor, acrescentou.

Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, André Matias de Almeida antecipou algumas medidas que espera ver aprovadas pelos associados, como o pedido ao Governo de redução do IVA dos combustíveis. “A questão do IVA tem muito mais impacto para a vida dos portugueses — respeita à tesouraria que as empresas poderiam ter para que as nossas empresas não tivessem de repassar imediatamente esse custo” do aumento do para a fatura.

A Antram pode também vir a solicitar uma linha de apoio à tesouraria das empresas, considerada “fundamental para assegurar a continuidade destas empresas, dos postos de trabalho e das entregas sem interrupção”, assim como o cumprimento do acordo estabelecido com a Associação das Empresas de Distribuição (APED) para as cargas e descargas.

“Eu não posso ter uma carga e descarga a demorar seis horas quando se prevê que leve duas — esse veículo já não fará as mesmas entregas no dia, a horas” e por isso não há produtividade no setor, justificou o porta-voz da Antram.

Segundo esta associação, as gasolineiras estão a lucrar com uma melhoria das receitas, o que levou André Matias de Almeida a defender que “não se pode, à boleia de uma guerra e de problemas económicos, ter margens mais altas de lucro”, por isso o Governo deveria estabelecer um teto para as margens de lucro.

Transportadores rodoviários independentes reúnem-se no domingo

Transportadores rodoviários de mercadorias, sem ligações a associações setoriais, reúnem-se no domingo em Castanheira do Ribatejo. Na reunião, com início previsto para as 13h00, “estamos a contar com uma afluência acima de 200 pessoas”, sobretudo “pequenos e médios, mas também dois grandes empresários” do setor, avançou à Lusa Márcio Lopes.

Márcio Lopes, que chegou a integrar a Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP), salientou que a reunião de domingo é “promovida por empresas e não há qualquer associação” envolvida. “São meramente empresários a lutar pela sobrevivência”, sublinhou, acrescentando que os transportadores querem soluções que lhes permitam enfrentar a escalada dos preços dos combustíveis e que as empresas tenham “fluidez de caixa”, para que “a economia não afunde drasticamente como vai acontecer”.

Afirmando ser inevitável o aumento dos preços cobrados pelas transportadoras, Márcio Lopes disse que no encontro os empresários pretendem “encontrar soluções para que em vez de 10, as empresas consigam só subir cinco [os preços] e obter sustentabilidade”. “Não estamos a pedir nada de outro mundo, não vamos pedir nada que seja o Governo a perder dinheiro, pode é deixar de ganhar. E ajudar a que a economia nacional não seja abruptamente encarecida”, acrescentou, sem avançar mais pormenores de eventuais reivindicações.

Os transportadores rodoviários de mercadorias não foram abrangidos pelas medidas anunciadas pelo Governo para mitigar o impacto da subida dos preços dos combustíveis e que incluem, designadamente, a subida do desconto no Autovoucher de cinco para 20 euros e o prolongamento por mais três meses do apoio dado a táxis e autocarros (pagando agora 30 cêntimos por litro de combustível, em vez dos atuais 10).

Os preços dos combustíveis dispararam nas últimas semanas, tanto nos EUA como na Europa, atingindo os níveis mais altos da última década, devido aos receios de uma redução na oferta, provocada pela invasão russa da Ucrânia. Em Portugal, o gasóleo sofreu esta semana um agravamento superior a 14 cêntimos por litro, enquanto a gasolina ficou cerca de oito cêntimos mais cara.

O Governo estima que o gasóleo possa aumentar 16 cêntimos e a gasolina 11 cêntimos por litro na próxima semana, tendo usado estes valores para calcular a redução do ISP necessária para neutralizar a subida da receita com IVA. O valor foi avançado esta sexta-feira pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, com o governante a salientar que este valor foi assumido com base na evolução das cotações e conhecimento dos mercados.

Na próxima semana, o preço por litro do gasóleo deverá subir 13,6 cêntimos e o da gasolina 9,3 cêntimos, segundo contas feitas pela Lusa com base nos números fornecidos pelo Governo para redução do ISP.

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