Petróleo cai e bolsas sobem com esboço de acordo para fim da guerra

A Ucrânia e Rússia estão a trabalhar num esboço de acordo com 15 pontos em que Kiev deixa cair a intenção de entrar na NATO, diz o FT. Em reação, as bolsas aceleram ganhos e o petróleo volta a descer.

A Ucrânia e a Rússia fizeram progressos significativos nas negociações e já terão um esboço de plano de paz e neutralidade com 15 pontos, avança o Financial Times esta quarta-feira.

O acordo inclui um cessar fogo e a retirada das tropas russas da Ucrânia se o Governo ucraniano declarar neutralidade e aceitar limites às suas forças armadas, de acordo com três fontes envolvidas nas negociações, que são citadas pelo jornal britânico.

O esboço do acordo, o qual foi discutido no seu conjunto pela primeira vez esta segunda-feira, obriga a Ucrânia a renunciar às suas ambições de pertencer à aliança atlântica da NATO — um compromisso que consta da Constituição ucraniana —, prometendo a Moscovo que não permitirá ter bases militares estrangeiras no seu território. Além disso, teria de renunciar a armamento vindo do Ocidente.

A notícia está a mexer com os mercados financeiros. Em Nova Iorque, os ganhos aceleraram: o Dow Jones sobe mais de 1% e o Nasdaq avança mais de 2%. O S&P 500 ganha 1,4%.

O euro está a valorizar face ao dólar pela terceira sessão consecutiva, ofuscando a quase certa subida dos juros por parte da Fed no final desta tarde. Da mesma forma, subiram os juros das dívidas públicas da Zona Euro no mercado secundário à medida que o apetite por risco regressa aos mercados.

Já o barril de petróleo inverteu a tendência e está a cair, voltando a negociar abaixo dos 100 dólares. O Brent negociado em Londres, que serve de referência para as importações portuguesas, desce 1,52%, para 98,39 dólares, depois de ter superado os 100 dólares durante a manhã. O petróleo está a negociar perto dos valores registados antes da invasão russa na Ucrânia.

Apesar de ambos os lados terem dados sinais esta quarta-feira de que as negociações estão no bom caminho, as autoridades ucranianas têm dúvidas de que a Rússia queira mesmo paz, mostrando preocupação com a hipótese de Moscovo estar a ganhar a tempo com estas conversações para reagrupar as suas forças militares e avançar em força pela Ucrânia.

De acordo com o FT, o assessor de imprensa de Vladimir Putin, Dmitry Peskov, disse em declarações aos jornalistas esta quarta-feira que a neutralidade da Ucrânia poderá definir-se nos mesmos termos da Áustria e da Suécia. “Esta opção está a ser discutida neste momento e é uma das que se pode considerar neutral”, disse.

O acordo poderá também envolver um estatuto especial para a língua russa na Ucrânia, sendo que neste momento apenas o ucraniano é língua oficial no país. Em cima da mesa está também o estatuto da Crimeia, ocupada pela Rússia desde 2014, assim como de Donetsk e de Luhansk, duas zonas da região de Donbass.

Estes desenvolvimentos acontecem ao mesmo tempo que várias cidades ucranianas continuam a ser bombardeadas pelas forças russas. Em contrapartida, as forças armadas ucranianas dizem que estão a lançar contra-ataques às forças russas em várias áreas para os afastar de Kiyv e outras cidades importantes para a Ucrânia, de acordo com o que escreveu no Twitter o conselheiro do presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak.

Além disso, o presidente ucraniano discursou esta quarta-feira perante os congressistas norte-americanos, voltando a pedir a “no-fly zone”, uma zona de exclusão aérea, aos Estados Unidos e à NATO, sobre os céus da Ucrânia, para impedir que a Rússia faça ataques aéreos, o que fragiliza as forças armadas ucranianas. “Neste momento, o destino do nosso país está a ser decidido”, disse. Os EUA e a NATO têm rejeitado esta hipótese por causa do risco de transformar-se numa guerra à escala mundial com a Rússia uma vez que as forças militares ocidentais teriam de garantir o cumprimento da “no-fly zone” confrontando as forças russas.

Durante o seu discurso, Zelensky referiu eventos históricos como o ataque japonês a Pearl Harbor e o ataque às Torres Gémeas a 11 de setembro de 2001, argumentando que a Rússia estava a atacar os valores e os sonhos dos ucranianos, os quais são iguais aos dos norte-americanos. E usou a frase de Martin Luther King, “eu tenho um sonho”, para pedir aos congressistas norte-americanos que protejam os céus ucranianos. Além da zona de exclusão aérea, o presidente ucraniano está a pedir caças de combate, em vez de apenas instrumentos militares de defesa que o Ocidente tem oferecido à Ucrânia.

(Notícia atualizada pela última vez às 15h33 com mais informação)

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