Guerra na Ucrânia: Moody’s prevê perdas moderadas nas seguradoras internacionais

  • ECO Seguros
  • 21 Março 2022

Impacto deverá incidir em algumas linhas especializadas de seguro, nomeadamente coberturas de risco político e soberano e nos seguros de crédito. Risco de incumprimento da Rússia emerge no horizonte.

Seguradoras e resseguradoras internacionais têm exposição reduzida às consequências da guerra na Ucrânia, uma vez que evidenciam penetração limitada no mercado russo, dominado pelas companhias locais. Eventual impacto deverá refletir-se moderadamente em algumas linhas especializadas de seguro, nomeadamente coberturas de risco político e soberano e nos seguros de crédito.

Estes ramos da atividade seguradora, e em alguma medida o setor de Vida pela exposição ao sistema financeiro internacional e à maior volatilidade, poderão sentir algum efeito da guerra, indica uma nota da agência Moody’s. A tendência altista nos preços da energia e o efeito das sanções à Rússia poderão gerar perdas “moderadas” para coberturas mais especializadas, como os seguros de risco político e seguros de crédito comercial, refere o site Reinsurance News com base na avaliação da agência de rating.

Entre as grandes seguradoras internacionais, os grupos Generali e AXA têm alguma exposição direta – por via de participações minoritárias rondando 38% detidas, respetivamente na Ingosstrakh e na RESO, terceira e quinta maiores por volume de prémios, entre as companhias do mercado russo. Mas, mesmo nestes casos, os investimentos têm peso pouco significativo no balanço dos dois grupos. Por outro lado, a Generali já anunciou o fecho da atividade na Rússia (incluindo atividade da Europ Assistance).

Já as austríacas VIG e Uniqa, com forte presença na região do centro e leste da Europa, serão as mais expostas, em termos de negócios, aos riscos da guerra na Ucrânia. Mas mesmo nestes casos, a exposição direta (à Rússia e a Ucrânia) não atinge sequer 5% do volume de negócio das seguradoras austríacas. Segundo observa a agência, eventuais perdas poderiam ainda ser mitigadas pelo facto de “a maioria das linhas de seguro incluírem cláusulas de exclusão de guerra,” um risco que supõe contratação de apólices específicas.

Contudo, a Moody’s admite que os seguros de risco político e soberano, juntamente com o seguro de operações de crédito poderão registar perdas, mas moderadas.

Entretanto, a Moody’s Investors Service baixou as notações de dívida do governo da Rússia a longo prazo (moeda local e estrangeira) e a notação da dívida sénior sem garantia de ‘B3’, para ‘Ca’. Com a revisão do rating para nível lixo (junk) a perspetiva (outlook) é negativa, avalia a agência de rating.

Concluindo desta forma o exercício de revisão iniciado a 25 de fevereiro (para descida da notação), a agência de rating explica que o downgrade foi desencadeado pela expectativa dos seus analistas de que os mecanismos de controlo de capital pelo Banco Central da Rússia (CBR) irão restringir os pagamentos transfronteiriços, incluindo para o serviço da dívida em obrigações do Estado.

Face à forte desvalorização do rublo (que cai mais de 30%) e à subida (para 20%) na taxa de referência do banco central da Rússia para operações de refinanciamento, o risco de incumprimento (default) russo pode tornar-se elemento de ponderação entre investidores.

 

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