Um morto em protestos contra o aumento dos preços no Peru
O governo aboliu o imposto sobre os combustíveis e decretou um aumento de 10% no salário mínimo. Mas os protestos continuam contra os preços dos combustíveis e do custo de vida.
Um manifestante morreu esta quarta-feira no sul do Peru em confrontos com a polícia, que resultaram também em vários feridos, em mais um dia de protestos contra o aumento do custo de vida, adiantou fonte do hospital de Ica. “Foram admitidos 15 feridos, 12 polícias e três manifestantes, incluindo um em estado grave. Um civil morreu após a sua chegada [ao hospital] após os confrontos”, explicou Carlos Navea, diretor do Hospital de Ica, localidade 300 quilómetros a sul de Lima.
Naqueles protestos, manifestantes bloquearam o trânsito na estrada Panamericana, o principal eixo rodoviário para veículos de mercadorias entre a América do Norte e a América do Sul. A violência eclodiu ao final da manhã quando a polícia tentou retirar várias dezenas de manifestantes que estavam a bloquear o acesso a esta região, onde operam muitas empresas agroalimentares.
O manifestante que morreu na sequência dos confrontos era um trabalhador rural, de 25 anos, adiantou à rádio local um representante dos muitos agricultores da região. Na segunda-feira, os condutores de veículos de transporte convocaram uma greve em todo o país, em protesto contra o aumento dos combustíveis.
Em resposta, o Presidente do Peru, Pedro Castillo, declarou na segunda-feira à noite o estado de emergência e recolher obrigatório na capital, Lima, e na cidade portuária vizinha de Callao, onde vivem 10 milhões de pessoas. Mas Pedro Castillo levantou na terça-feira à noite o estado de emergência, após pressão popular e do parlamento, onde a oposição tem maioria.
Os confrontos voltaram a eclodir na terça-feira à noite em Lima, com manifestações em vários bairros onde foi pedida a saída de Castillo e onde vários edifícios públicos e empresas foram vandalizados. Segundo o Ministério do Interior, 25 polícias ficaram feridos.
Esta é a primeira revolta social enfrentada pelo Presidente Castillo, ex-professor e sindicalista de 52 anos, desde sua eleição em julho de 2021. O governo aboliu o imposto sobre os combustíveis na semana passada, para apaziguar a situação e também decretou um aumento de 10% no salário mínimo que atingirá o equivalente a 277 dólares (cerca de 254 euros) a partir de 1 de maio.
No entanto, estas medidas foram consideradas insuficientes para a Confederação Geral dos Trabalhadores Peruanos (CGTP), o principal sindicato do país, que já marcou novos protestos para quinta-feira.
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