Teto ibérico no gás para baixar fatura da luz é justificado, diz Gentiloni

  • Lusa
  • 16 Maio 2022

O comissário europeu adiantou que “esta solução diferente será aperfeiçoada nas próximas semanas”. Bruxelas aguarda notificação formal por Portugal e Espanha "muito em breve".

O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, considerou esta segunda-feira que o mecanismo temporário ibérico para estabelecer um teto ao preço de gás para produção de eletricidade “é justificado” dada a “situação diferente” da Península Ibérica, em termos energéticos.

“Sobre o modelo energético ibérico, penso que [o mecanismo] é justificado. Sabemos que a equação da dependência da Rússia ou da Ucrânia, de um lado, e a situação de interligação com o resto da Europa, do outro, são bem conhecidas e justificam uma solução diferente”, declarou Paolo Gentiloni, em entrevista à agência Lusa e outros meios europeus, em Bruxelas.

Numa altura em que a Comissão Europeia ainda aguarda a notificação formal por Portugal e Espanha para poder dar o seu aval à medida, o responsável europeu pela tutela adiantou que “esta solução diferente será aperfeiçoada nas próximas semanas”.

Também esta segunda, questionada pela Lusa, fonte oficial da Comissão Europeia indicou que a instituição ainda aguarda a notificação por Portugal e Espanha do mecanismo temporário para fixar o preço médio do gás na Península Ibérica nos 50 euros por MWh para poder emitir uma avaliação formal e final. Ainda assim, a mesma fonte oficial indicou à Lusa que tal notificação deverá ser feita “muito em breve”.

Na passada sexta-feira, Lisboa e Madrid aprovaram, cada um em Conselho de Ministros, este mecanismo temporário de emergência relativo à Península Ibérica, em altura de crise energética, acentuada pelos efeitos da guerra de Ucrânia nas cadeias de fornecimento.

Antes, no final de abril, os Governos de Portugal e Espanha chegaram, em Bruxelas, a um acordo político com a Comissão Europeia para o estabelecimento de um mecanismo temporário que permitirá fixar o preço médio do gás nos 50 euros por MWh.

A estimativa do Governo português é que este limite permita poupar até 18% face ao preço médio dos primeiros quatro meses do ano. Esta medida permitirá dissociar temporariamente os preços do gás e eletricidade na Península Ibérica, que beneficiará assim de uma exceção, tal como acordado no Conselho Europeu de março.

Previsto está que o mecanismo tenha uma duração de cerca de 12 meses e permita fixar o preço médio de gás em cerca de 50 euros por megawatt, contra o atual preço de referência no mercado de 90 euros, sendo que o preço começará nos 40 euros.

Projeção para PIB de Portugal deve-se também à inflação mais baixa da UE

A Comissão Europeia considerou está segunda que a razão “mais explícita” para o crescimento previsto de 5,8% para Portugal este ano é a inflação mais baixa da UE, por o país estar “menos exposto ao aumento dos preços da energia”

Em entrevista à agência Lusa e outros meios europeus, em Bruxelas, Paolo Gentiloni, reiterou a ideia já deixada na conferência de imprensa de apresentação das previsões macroeconómicas da primavera, de que a forte retoma do turismo externo em Portugal contribui para o país ter a projeção de maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano entre os 27 Estados-membros.

Contudo, o comissário europeu apontou que podem ser enumeradas várias razões, e “a mais explícita é o facto de Portugal ter o nível de inflação mais baixo” entre todos os Estados-membros, ainda que admita que “não há uma relação automática”.

Ainda que tenha revisto hoje em alta de 2,1 pontos percentuais (p.p.) a taxa de inflação para Portugal, para 4,4% este ano – face aos 2,3% projetados em fevereiro, antes do início da guerra na Ucrânia, e acima da previsão do Governo, de 4% -, a estimativa de Bruxelas para este ano coloca Portugal como o país com a menor taxa de inflação, com a média para a zona euro a estimar-se em 6,1% e para a União Europeia (UE) em 6,8%.

Reafirmando que a previsão de um crescimento da economia portuguesa de 5,8% do PIB bem acima da média europeia (de 2,7%), se deve também ao facto de Portugal ter registado um crescimento moderado em 2021 comparativamente a outros países e à “forte retoma do turismo”, Gentiloni acrescentou como outro fator importante “o facto de Portugal estar menos exposto ao aumento dos preços da energia”.

Admitindo que “obviamente previsões são previsões”, o comissário europeu da Economia manifestou-se todavia convicto de que Portugal poderá efetivamente alcançar este ano o ritmo de crescimento hoje antecipado pela Comissão, apresentando como “base sólida” para esta projeção “os números já conhecidos da estimativa rápida de crescimento no primeiro trimestre deste ano”, que classificou como “surpreendentemente muito positiva”.

De acordo com a estimativa rápida divulgada em 29 de abril passado pelo gabinete oficial de estatísticas da UE, o PIB de Portugal foi o que mais cresceu (11,9%) no primeiro trimestre, entre os países da União Europeia (UE) para os quais há dados disponíveis, muito acima da média da zona euro, de 5%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Teto ibérico no gás para baixar fatura da luz é justificado, diz Gentiloni

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião