“Não me parece que a semana de quatro dias deva ser a prioridade do país”, diz Salvador de Mello

"Só com um trabalho sério e profundo que aumente a competitividade é que vai ser possível resolver o tema dos salários em Portugal", defende Salvador de Mello. Atração de investimento é crítica.

Atrair investimento e reforçar a competitividade da economia portuguesa. Só assim será possível pagar salários mais elevados, defende o presidente executivo do Grupo José de Mello. Neste contexto, a semana de quatro dias não deve ser uma prioridade.

“Todos desejaríamos que os salários fossem muito superiores e todos reconhecemos que são baixos. Mas não há varinha mágica para resolver isso. Só com base num trabalho sério e profundo que aumente a competitividade do país é que vai ser possível resolver o tema dos salários em Portugal”, afirmou Salvador de Mello num encontro com jornalistas esta terça-feira para apresentação dos resultados do grupo.

“Pelas mesmas razões que referi sobre o tema dos salários, não me parece que a semana de quatro dias deva ser a prioridade do país. Deve ser o reforço do crescimento e da competitividade, para gerar mais prosperidade”, acrescentou o CEO da holding da família Mello.

Com o Orçamento do Estado para 2022 foi aprovada uma proposta do Livre para a realização de um piloto com 100 empresas, de forma a avaliar a viabilidade da medida. Este compromisso faz parte da Agenda do Trabalho Digno, aprovada em Conselho de Ministros na semana passada.

Salvador de Mello enfatizou a necessidade de “ter uma visão de longo prazo e ter a coragem de abordar os problemas”. Para os resolver, “a atração de investimento é absolutamente crítica”, defendeu. “Portugal tem de se tornar atrativo para o investimento. E dentro desse investimento escolher setores onde a componente de diferenciação seja importante e que a partir dessa diferenciação seja possível remunerar melhor as pessoas”, acrescentou.

Maioria absoluta e PRR dão “enorme” responsabilidade ao Governo

O responsável da holding lembrou a necessidade de dar escala às empresas, defendida pelo Business Roundtable Portugal, liderado por Vasco de Mello, chairman do Grupo Mello: “é preciso ajudar as empresas pequenas a tornarem-se médias, as médias a tornarem-se grandes e as grandes a tornarem-se globais. É a única forma de tornar o país mais competitivo”.

“Há bons exemplos em Portugal de competitividade, de diferenciação, de escala, de empresas viradas para o mundo”, sublinhou. Para que existam mais são necessárias políticas públicas. “Este governo tem todas as condições para olhar para o longo prazo e fazer as reformas necessárias para transformar o país. Se o Governo o fará ou não, veremos”, diz, salientando que os fundos do PRR e a maioria absoluta representam “uma enorme oportunidade e responsabilidade”.

Salvador de Mello destacou também a qualidade do ensino superior. “Um sinal de esperança claro são as universidades portuguesas. Acho que são excelentes universidades. Podem ser sempre melhores e há coisas que podem continuar a desenvolver, mas o talento formado nas nossas universidades é excecional e é bastante transversal.

“O ensino em Portugal é bom, no privado e no público. É um sinal de esperança o ensino universitário em Portugal e tem um efeito multiplicador”, reforçou.

O Grupo Mello terminou 2021 com um resultado líquido de 58 milhões, um número muito inferior aos 355 milhões contabilizados no ano anterior, mas que beneficiou com a mais-valia de 340 milhões da venda da participação de 40% na Brisa a um grupo de investidores institucionais. As receitas cresceram 33% para 1.033 milhões numa base recorrente e o EBITDA duplicou para 138 milhões.

O CEO da holding anunciou também que pretende investir mil milhões de euros até 2030 nas áreas core do grupo, estando também aberto a outras oportunidades em Portugal.

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